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Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

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Quando já nada mais havia para ver, <strong>de</strong>spediram-se dos dois astrônomos que lhes<<strong>br</strong> />

acenaram <strong>com</strong> alguma tristeza, enquanto o condutor seguia pela crista da colina.<<strong>br</strong> />

Segundo ele dissera, queria fazer um <strong>de</strong>svio para recolher alguns espécimes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

rochas, e <strong>com</strong>o para Gibson todas as partes <strong>de</strong> <strong>Marte</strong> eram iguais, isso pouco lhe<<strong>br</strong> />

importou.<<strong>br</strong> />

Não havia estrada alguma so<strong>br</strong>e as colinas, mas séculos e séculos atrás todas as<<strong>br</strong> />

irregularida<strong>de</strong>s tinham <strong>de</strong>saparecido, <strong>de</strong> modo que o chão era, perfeitameate plano.<<strong>br</strong> />

Aqui e ali aguns penedos so<strong>br</strong>essaíam da superfície, num fantástico tumuito <strong>de</strong> cor e<<strong>br</strong> />

formas, mas esses obstáculos podiam ser facilmente evitados. Uma vez ou duas<<strong>br</strong> />

passaram por pequenas árvores - se tal nome podia se dar. Pareciam pedaços <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

coral, <strong>com</strong>pletamente hirtos e petrificados, Segundo o condutor, eram imensamente<<strong>br</strong> />

antigas, e ainda que estivessem vivas, ninguém conseguira ainda medir a sua<<strong>br</strong> />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento. O menor valor que podia ser calculado era <strong>de</strong> cinquenta<<strong>br</strong> />

mil anos e o seu método <strong>de</strong> reprodução era um mistério <strong>com</strong>pleto.<<strong>br</strong> />

Perto do meio da tar<strong>de</strong>, chegaram a uma colina baixa, mas belamente colorida - a<<strong>br</strong> />

«Crista do Arco-iris,» , <strong>com</strong>o disse o geólogo, Gibson, encantado, gastou um rolo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

filme, fotografando-a.<<strong>br</strong> />

- Bem - disse o Condutor -, acho que chegou o momento <strong>de</strong> voltarmos, se<<strong>br</strong> />

quisermos chegar à hora do chá. Po<strong>de</strong>mos voltar por on<strong>de</strong> viemos ou contornar as<<strong>br</strong> />

colunas. Que preferem ?<<strong>br</strong> />

- Porque é que não vamos pela planicie ? Seria o caminho mais direto - disse<<strong>br</strong> />

Mackay, que se sentia um pouco aborrecido.<<strong>br</strong> />

- É o mais direto e o mais lento. Não se po<strong>de</strong> andar <strong>de</strong>pressa através <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />

couves gigantes...<<strong>br</strong> />

- Não gosto nunca <strong>de</strong> voltar por on<strong>de</strong> vim - <strong>com</strong>eçou Gibson. - O melhor será<<strong>br</strong> />

contornarmos as colinas e ver o que há por lá.<<strong>br</strong> />

O condutor sorriu.<<strong>br</strong> />

- Não alimente falsas esperanças. É mais ou menos a mesma coisa <strong>de</strong> ambos os<<strong>br</strong> />

lados. Vamos!<<strong>br</strong> />

A Pulga <strong>de</strong>u um salto em frente e a «Crista do Arco-Iris» não tardou a <strong>de</strong>saparecer<<strong>br</strong> />

atrás <strong>de</strong>les. A paisagem era agora <strong>com</strong>pletamente <strong>de</strong>serta, e até as árvores<<strong>br</strong> />

petrificadas tinham <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> se ver. Por vezes GiIbson <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ia uma mancha<<strong>br</strong> />

ver<strong>de</strong> que ele julgava ser vegetação, mas, quando se aproximavam, verificavam<<strong>br</strong> />

invariavelmente que se tatava <strong>de</strong> um afloramento <strong>de</strong> minério. A regiâo era<<strong>br</strong> />

fantásticamente bela, um paraiso para os geólogos, e Gibson fez votos para que<<strong>br</strong> />

nunca fosse <strong>de</strong>struida por operações mineiras. Seria certamente uma das maiores<<strong>br</strong> />

atrações <strong>de</strong> <strong>Marte</strong>.<<strong>br</strong> />

Viajavam há meia hora quando a encosta da colina <strong>de</strong>sceu em direcção a um<<strong>br</strong> />

longo e tortuoso vale que era, sem dúvida alguma, o leito <strong>de</strong> um antigo curso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

água. Talvez cinquenta milhões <strong>de</strong> anos antes, segundo dissera o condutor, um<<strong>br</strong> />

gran<strong>de</strong> rio passara por ali para levar as suas águas até o Mare Erythraeum - um dos<<strong>br</strong> />

pocos «mares» marcianos que merecia esse nome, ainda que <strong>com</strong> mutto atraso.<<strong>br</strong> />

Pararam a Pulga e olharam para o leito seco do rio. Gibson tentou imaginar aquela<<strong>br</strong> />

cena <strong>com</strong>o teria sido nos dias remotos em que os gran<strong>de</strong>s répteis reinavam so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

Terra e o Homem era ainda um sonho no futuro distante. As colinas vermelhas mal<<strong>br</strong> />

teriam mudado durante todo esse tempo, mas entre elas o rio correria lentamente<<strong>br</strong> />

para o mar, <strong>de</strong>vido à baixa gravida<strong>de</strong>. Era uma cena que quase po<strong>de</strong>ria ter<<strong>br</strong> />

pertencido à Terra, e teria sido testemunhada por olhos inteligentes? Ninguém sabia.<<strong>br</strong> />

Talvez houvessem Marcianos nesses tempos, mas o tempo sepultara-os<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletamente.

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