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Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

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máscaras <strong>de</strong> oxigênio. No entanto, precisam apenas <strong>de</strong> usarem-nas um momento,<<strong>br</strong> />

enquanto se dirigem às Pulgas. (As quê? - pensou Gibson. Sim, aqueles pequenos<<strong>br</strong> />

veículos <strong>de</strong>viam ser as famosas «Pulgas da Areia» - o transporte universal do<<strong>br</strong> />

planeta.) - Vou regulá-las. A princípio é um pouco estranho.<<strong>br</strong> />

O ar silvou ao escapar-se da cabine. Gibson sentiu na pele umas picadas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sagradáveis: a atmosfera que o envolvia era agora menos <strong>de</strong>nsa que a do cimo do<<strong>br</strong> />

Everest. Tinham sido necessários três meses <strong>de</strong> aclimatação na Ares e todos os<<strong>br</strong> />

recursos da mo<strong>de</strong>rna ciência médica para que ele pu<strong>de</strong>sse pôr os pés na superficie<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>Marte</strong> sem outra protecção além <strong>de</strong> uma simples máscara <strong>de</strong> oxigênio.<<strong>br</strong> />

Era lisonjeiro que tanta gente tivesse vindo ao seu encontro. Evi<strong>de</strong>ntemente, não<<strong>br</strong> />

era muitas vezes que aparecia em <strong>Marte</strong> um visitante tão distinto, mas ele sabia que<<strong>br</strong> />

a pequena colônia não tinha tempo para muitas cerimônias.<<strong>br</strong> />

O Dr. Scott surgiu ao lado <strong>de</strong>le ainda carregado, <strong>com</strong> a caixa <strong>de</strong> metal <strong>de</strong> que ele<<strong>br</strong> />

cuidara tanto durante toda viagem. Quando ele apareceu os colonos correram na sua<<strong>br</strong> />

direção, ignorando por <strong>com</strong>pleto a Gibson. O escritor ouviu as suas vozes, tão<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>formadas pelo ar rarefeito que mal as <strong>com</strong>preendia.<<strong>br</strong> />

- Que felicidal<strong>de</strong> ver-te outra vez, doutor! Deixa-nos levar isso!<<strong>br</strong> />

- Temos tudo pronto! Há <strong>de</strong>z homens no hospital, à espera: Daqui a uma semana<<strong>br</strong> />

já saberemos o resultado <strong>de</strong>sta coisa!<<strong>br</strong> />

- Venham! Entrem nos carros e <strong>de</strong>pois falaremos! Antes que Gibson<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preen<strong>de</strong>sse o que acontecera, Scott e aquilo que ele transportava já tinham<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>saparecido. Ouviu-se o silvo agudo <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>roso motor e o carro arrancou em<<strong>br</strong> />

direcção a Port Lowell, <strong>de</strong>ixando o escritor mais <strong>de</strong>cepcionado do que nunca em toda<<strong>br</strong> />

a sua vida.<<strong>br</strong> />

Esquecera por <strong>com</strong>pleto o soro. Para <strong>Marte</strong>, a sua chegada tivera uma importância<<strong>br</strong> />

infinitamente superiror à visita <strong>de</strong> um escritor, por muito distinto que ele fosse no seu<<strong>br</strong> />

planeta. Era uma lição que ele não esqueceria tão <strong>de</strong>pressa.<<strong>br</strong> />

Felizmente, não o tinham <strong>de</strong>ixado só. As Pulgas da Areia ainda estavam lá. Um dos<<strong>br</strong> />

passageiros <strong>de</strong>sembarcou e correu para ele.<<strong>br</strong> />

- Mr. Gibson? Sou Westerman do «Times» - do «Martian Times»... Muito prazer em<<strong>br</strong> />

conhecê-lo. Apresento-lhe...<<strong>br</strong> />

- Hen<strong>de</strong>rson, encarregado do astroporto - disse um homem alto, <strong>com</strong> um rosto<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o que cortado à faca, obviamente aborrecido por o outro ter falado primeiro. -<<strong>br</strong> />

Tratarei da sua bagagem. Salte para bordo.<<strong>br</strong> />

Era evi<strong>de</strong>nte que Westerman teria preferido que Gibson fosse seu passageiro, mas<<strong>br</strong> />

aceitou a sua sorte <strong>com</strong> toda a elegância passivel. Gibson subiu para a Pulga <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Hen<strong>de</strong>rson através da bexiga <strong>de</strong> plástico que formava a <strong>com</strong>porta <strong>de</strong> ar do veiculo e<<strong>br</strong> />

o outro juntou-se a ele um momento <strong>de</strong>pois. Sentiu-se aliviado por po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

lado a máscara. Sentia-se também muito pesado e lento - exatamente o contrário da<<strong>br</strong> />

sensação que se po<strong>de</strong>ria esperar <strong>de</strong>pois da chegada a <strong>Marte</strong>. Mas durante três anos<<strong>br</strong> />

ele não soubera o que era o peso, e precisaria <strong>de</strong> algum tempo para habituar-se até<<strong>br</strong> />

a um terço do peso que teria na Terra.<<strong>br</strong> />

O veículo <strong>com</strong>eçou a correr através da faixa <strong>de</strong> pouso, em direção às redomas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Port Lowell, um par <strong>de</strong> quilômetros adiante. Pela primeira vez, Gibson notou que por<<strong>br</strong> />

toda a parte à sua volta se via o <strong>br</strong>ihante ver<strong>de</strong> mosqueado das plantas tenazes que<<strong>br</strong> />

eram a mais <strong>com</strong>um forma <strong>de</strong> vida em <strong>Marte</strong>. Por cima o céu já não era negro, mas<<strong>br</strong> />

sim <strong>de</strong> um azul-escuro e glorioso. O Sol não estava muito longe do zênite e os seus<<strong>br</strong> />

raios penetravam <strong>com</strong> um calor surpreen<strong>de</strong>nte na redoma <strong>de</strong> plástico da cabine,<<strong>br</strong> />

Gibson olhou para o céu, tentando localizar a pequena lua em que os seus

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