15.04.2013 Views

Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

---------------------------CAPÍTULO III---------------------------<<strong>br</strong> />

Viam-se as mesmas estrelas através da vigia quando uma série <strong>de</strong> notas musicais<<strong>br</strong> />

soou através dos alto-falantes e <strong>de</strong>spertou Gibson <strong>de</strong> um sono mais ou menos sem<<strong>br</strong> />

sonhos. Vestiu-se apressadamente e dirigiu-se correndo para o observatório,<<strong>br</strong> />

perguntando-se próprio o que teria acontecido na Terra durante a noite.<<strong>br</strong> />

Era muito <strong>de</strong>sconcertante, pelo menos para um habitante da Terra, ver duas luas<<strong>br</strong> />

ao mesmo tempo no céu. Estavam ali, lado a lado, ambas no primeiro quarto, e uma<<strong>br</strong> />

cerca <strong>de</strong> duas vezes maior que a outra. Passaram-se alguns segundos antes que o<<strong>br</strong> />

escritor <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>sse que estava vendo, simultaneamente, a Lua e a Terra e mais<<strong>br</strong> />

alguns, ainda, antes que ele <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>sse que o crescente menor e mais distante<<strong>br</strong> />

era o seu mundo.<<strong>br</strong> />

Infelizmente, a Ares não passava muito perto da Lua, mas mesmo assim ela<<strong>br</strong> />

parecia <strong>de</strong>z vezes maior que vista da Terra. Distinguiam-se perfeitamente as ca<strong>de</strong>ias<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> crateras, através da linha muito irregular que separava a noite do dia, e o disco<<strong>br</strong> />

ainda escuro podia ser observado graças à luz refletida pela Terra. Sem dúvida que...<<strong>br</strong> />

- Gibson inclinou-se repentinamente, perguntando a si próprio se os olhos não o<<strong>br</strong> />

teriam enganado. Sim, não havia dúvida: lá em baixo, no meio daquela terra fria e<<strong>br</strong> />

escura, esperando pela alvorada ainda distante <strong>de</strong> muitos dias, havia pequenos<<strong>br</strong> />

pontos <strong>de</strong> luz que pareciam pirilampos na penum<strong>br</strong>a. Cinquenta anos antes não<<strong>br</strong> />

existiam; - eram as luzes das primeiras cida<strong>de</strong>s lunares, dizendo às estrelas que a<<strong>br</strong> />

vida chegara por fim à Lua, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> espera.<<strong>br</strong> />

Uma tosse discreta, vinda não se sabia <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, interrompeu os sonhos <strong>de</strong> Gibson.<<strong>br</strong> />

Depois uma voz um pouco <strong>de</strong>masiado amplificada observou num tom muito natural:<<strong>br</strong> />

- Se Mr. Gibson quiser vir ao refeitório encontrará ainda um pouco <strong>de</strong> café e <strong>de</strong> papa<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> aveia, já não muito quentes.<<strong>br</strong> />

Olhou apressadamente para o relógio. Esquecera por <strong>com</strong>pleto o <strong>de</strong>sjejum - um<<strong>br</strong> />

fenômeno sem prece<strong>de</strong>ntes. Sem dúvida que alguém fora procurá-lo ao camarote e,<<strong>br</strong> />

não o tendo encontrado, andava procurando-o pela nave.<<strong>br</strong> />

Quando apareceu, algo envergonhado, no refeitório, encontrou os tripulantes<<strong>br</strong> />

em<strong>br</strong>enhados numa discussão técnica so<strong>br</strong>e os vários tipos <strong>de</strong> naves.<<strong>br</strong> />

Enquanto <strong>com</strong>ia, Gibson observou os homens, fixando-os no seu espírito e<<strong>br</strong> />

notando o seu <strong>com</strong>portamento e as suas características, A apresentação <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>n<<strong>br</strong> />

servira apenas para lhes apor rótulos; para ele ainda não eram personalida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>finidas. Era curioso pensar que antes da viagem terminar ele acabaria por<<strong>br</strong> />

conhecê-los melhor que à maior parte dos seus amigos na Terra. Não podia haver<<strong>br</strong> />

segredos nem máscaras no pequeno mundo da Ares.<<strong>br</strong> />

Naquele momento era o Dr. Scott que falava. (Gibson saberia <strong>de</strong>pois que nada

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!