Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
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viagens no espaço estavam então no <strong>com</strong>eço e todo mundo sabia disto muito bem.<<strong>br</strong> />
Já tinhas um bom nome <strong>de</strong>ntro da literatura usual e a «Poeira Marciana» apareceu<<strong>br</strong> />
no momento próprio.<<strong>br</strong> />
- Isso apenas explica a razão por que se ven<strong>de</strong>ram tantos livros à época. Não<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong> ao que eu perguntei. Continua ven<strong>de</strong>ndo bem e creio que até na colônia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>Marte</strong> há alguns exemplares, apesar <strong>de</strong> o livro referi-ser a um <strong>Marte</strong> que nunca<<strong>br</strong> />
existiu senão na minha imaginação.<<strong>br</strong> />
- Atribuo isso à falta <strong>de</strong> escrúpulos da agência <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> que serve o teu<<strong>br</strong> />
editor - e também ao fato <strong>de</strong> ter sido a melhor coisa que escreveste até hoje. Além<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> que - e <strong>com</strong>o Mac diria, - conseguiste capturar nele o espirito dos anos 70, e isso<<strong>br</strong> />
dá-lhe agora um valor <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
- Hum...<<strong>br</strong> />
Gibson manteve-se silêncio durante um momento e <strong>de</strong>pois <strong>com</strong>eçou a rir-se.<<strong>br</strong> />
- Bem. Concordo. Que diria Wells soubesse que as suas histórias - e outras -<<strong>br</strong> />
estavam a ser discutidas a meio caminho, entre a Terra e <strong>Marte</strong>.<<strong>br</strong> />
- Não exagere - disse Nor<strong>de</strong>n. - Ainda estamos apenas a um terço do caminho.<<strong>br</strong> />
Muito <strong>de</strong>pois dia meia-noite, Gibson acordou <strong>de</strong> repente, <strong>de</strong> um sono sem sonhos.<<strong>br</strong> />
Fora perturbado por qualquer coisa - um ruido <strong>com</strong>o o <strong>de</strong> uma explosão distante,<<strong>br</strong> />
muito ao longe, nas entranhas da nave. Ergueu-se nas trevas, tenso, <strong>de</strong> encontro às<<strong>br</strong> />
cintas elásticas que o prendiam ao leito.<<strong>br</strong> />
Havia muitas vozes no Ares e Gibson conhecia-as a todas, Ainda meio tonto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sono, encaminhou-se para a porta do camarote e escutou no corredor durante algum<<strong>br</strong> />
tempo. O ruido fora <strong>de</strong> fato tão afastado quanto ele pensara ? Talvez tivesse sido<<strong>br</strong> />
mais próximo. De qualquer maneira, sentia-se fatigado e pouco lhe importava o que<<strong>br</strong> />
acontecera. Tinha uma fé <strong>com</strong>pleta e <strong>com</strong>ovente nos instrumentos <strong>de</strong> bordo. Se<<strong>br</strong> />
alguma coisa não estivesse bem, os alarmes automáticos teriam alertado todo<<strong>br</strong> />
mundo. Tinham-nos ensaiado algumas vezes na viagem e eram suficientemente<<strong>br</strong> />
fortes para <strong>de</strong>spertarem os próprios mortos, Podia <strong>de</strong>itar-se <strong>de</strong>scansado e confiar em<<strong>br</strong> />
que eles continuariam a vigiá-lo <strong>com</strong> uma constância infatigável.<<strong>br</strong> />
Tinha toda a razão, ainda que não o soubesse, e quando a manhã chegou já<<strong>br</strong> />
esquecera tudo.<<strong>br</strong> />
A custo, Gibson afastou o seu pensamento do reino da Dinamarca, do castelo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Elsinore e <strong>de</strong> Hamlet. Que teria sido feito daquele teatro fantástico, <strong>com</strong> a sua<<strong>br</strong> />
plateia flutuando no espaço?<<strong>br</strong> />
Nor<strong>de</strong>n olhou para Gibson e tossiu discretamente.<<strong>br</strong> />
- Ouve, Martin, lem<strong>br</strong>a-te quando andavas atrás <strong>de</strong> mim para que eu te <strong>de</strong>ixasse<<strong>br</strong> />
vestir um escafandro ?<<strong>br</strong> />
- Sim. Era contra as regras.<<strong>br</strong> />
- Bem. De certa maneira ainda é. Mas esta viagem não é normal e, técnicamente,<<strong>br</strong> />
não és um passageiro. Penso que po<strong>de</strong>remos conseguir isso.<<strong>br</strong> />
Gibson ficou <strong>de</strong>liciado. Perguntara muitas vezes a si próprio <strong>com</strong>o se sentiria uma<<strong>br</strong> />
pessoa <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um traje espacial, apenas <strong>com</strong> as estrelas à sua volta.<<strong>br</strong> />
A conspiração estava fermentando há uma semana.<<strong>br</strong> />
Em geral, quando Hilton chegava ao gabinete <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>n <strong>com</strong> os programas diários<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> manutenção, nada havia <strong>de</strong> importante. O capitão limitava-se a assinar os<<strong>br</strong> />
relatórios e ia arquivá-los no livro <strong>de</strong> bordo.<<strong>br</strong> />
- Ouve lá, Johnnie - disse Hilton (era o único que tratava o capitão pelo nome<<strong>br</strong> />
próprio; para os outros era sempre «o Ve!lho» ou «o Chefe») -, não temos dúvidas