Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
trabalho, <strong>de</strong>terminado pela aproximação do ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino da nave, Jimmy<<strong>br</strong> />
pensara muito naquilo que Gibson lhe dissera. A princípio sentira amargura e cólera<<strong>br</strong> />
contra o homem que fôra responsável, ainda que sem qualquer intenção, pela<<strong>br</strong> />
infelicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua mãe. Mas ao fim <strong>de</strong> algum tempo <strong>com</strong>eçara a <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o<<strong>br</strong> />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Gibson e os sentimentos <strong>de</strong>le. Era suficientemente arguto para<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r que Gibson não lhe dtissera muitas coisas, mas era evi<strong>de</strong>nte que o<<strong>br</strong> />
escritor lamentava o passado e estava ansioso por anular todos os males que<<strong>br</strong> />
causara, ainda que estivesse atrasado uma geração.<<strong>br</strong> />
Era estranho ter <strong>de</strong> volta a sensação do peso e ouvir <strong>de</strong> novo o rugido distante dos<<strong>br</strong> />
motores quando a Ares reduziu a sua velocida<strong>de</strong> para igualar à velocida<strong>de</strong> muito<<strong>br</strong> />
menor <strong>de</strong> <strong>Marte</strong>. A mano<strong>br</strong>a e as <strong>de</strong>licadas correcções finais <strong>de</strong>moraram mais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vinte e quatro horas, Quando tudo terminou, <strong>Marte</strong> era doze vezes maior que a Lua<<strong>br</strong> />
cheia, vista da Terra, e Phobos e Deimos pareciam pequenas estrelas, movendo-se<<strong>br</strong> />
rápidamente à sua volta.<<strong>br</strong> />
Gibson surpreen<strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> quanto eram vermelhos os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sertos marcianos.<<strong>br</strong> />
Mas a palavra «vermelho» não dava qualquer i<strong>de</strong>ia da varieda<strong>de</strong> das cores naquele<<strong>br</strong> />
disco que aumentava lentamente <strong>de</strong> diâmetro. Certas regiões eram escarlates, outras<<strong>br</strong> />
amarelo-acastanhadas; mas a cor mais vulgar talvez pu<strong>de</strong>sse ser <strong>com</strong>parada ao<<strong>br</strong> />
vermelho-tijolo.<<strong>br</strong> />
No hemisfério sul estava-se no fim da primavera e a calota polar ficava reduzida a<<strong>br</strong> />
alguns pontos <strong>br</strong>ancos. A larga cintura <strong>de</strong> vegetação entre o pólo e o <strong>de</strong>serto era<<strong>br</strong> />
dominada em gran<strong>de</strong> parte por um ver<strong>de</strong>-azulado algo claro, mas no disco<<strong>br</strong> />
sarapintado podiam ser encontradas todas as cores.<<strong>br</strong> />
A Ares estava entrando na órbita <strong>de</strong> Deimos a uma velocida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> menos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> mil quilômetros por hora. À frente da nave a pequena lua <strong>com</strong>eçava a tomar<<strong>br</strong> />
forma, e enquanto as horas se passavam ela foi crescendo até parecer tão gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o <strong>Marte</strong>. No entanto, que contraste ela apresentava! Não havia ali cores ricas,<<strong>br</strong> />
mas sim um caos escuro <strong>de</strong> rochas tombadas, <strong>de</strong> montanhas que se erguiam para as<<strong>br</strong> />
estrelas em todos os ângulos naquele mundo on<strong>de</strong> praticamente o peso não existia.<<strong>br</strong> />
Pouco e pouco as rochas cruéis aproximaram-se e passaram por baixo <strong>de</strong>ies,<<strong>br</strong> />
enquanto a Ares dirigia-se para o radiofarol que Gibson ouvira dias antes. Por fim ele<<strong>br</strong> />
viu, numa área quase plana, a poucos quiômetros abaixo, os primeiros sinais <strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />
os homens tinham visitado aquele mundo estéril. Duas filas <strong>de</strong> pilares verticais<<strong>br</strong> />
saltavam da terra e entre eles estava uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabos. Quase imperceptivelmente<<strong>br</strong> />
a Ares <strong>de</strong>sceu para Deimos. Os motores auxiliares não tinham qualquer dificulda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
em mano<strong>br</strong>ar a nave, cujo peso efetivo era apenas <strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
quilogramas.<<strong>br</strong> />
Foi impossível assinalar o momento do contraste. Só o súbito siiêncio, quando os<<strong>br</strong> />
motores se calaram, disse a Gibson que a viagem terminara. Era certo que ele ainda<<strong>br</strong> />
encontrava-se a cerca <strong>de</strong> trinta mil quilômetros <strong>de</strong> <strong>Marte</strong> e <strong>de</strong>moraria pelo menos um<<strong>br</strong> />
dia a atingir a superfície do planeta, num dos pequenos foguetes que já estavam<<strong>br</strong> />
vindo ao encontro <strong>de</strong>les. Mas, pelo que dizia respeito à Ares, a viagem terminara.<<strong>br</strong> />
O pequeno camarote que fôra o seu lar durante tantas semanas nunca mais o<<strong>br</strong> />
veria.<<strong>br</strong> />
Deixou a galeria <strong>de</strong> observação e correu para a sala <strong>de</strong> <strong>com</strong>ando. Os movimentos<<strong>br</strong> />
a bordo da Ares já não eram tão fáceis, porque o débil campo gravitacaonai <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Deimos mostrava-se suficiente para perturbar os seus movtmentos instintivos. A<<strong>br</strong> />
tripulação estava reunida em uma da mesa das cartas e parecia muito satisfeita.<<strong>br</strong> />
Chegaste mesmo a tempo – disse Nor<strong>de</strong>m num tom alegre. - Vamos fazer uma