Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
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--------------------------CAPÍTULO XII --------------------------<<strong>br</strong> />
Quando Gibson <strong>de</strong>spertou já a alvorada ia longe. O Sol estava invisível atrás das<<strong>br</strong> />
colinas, mas os seus raios refletidos nos cumes escarlates inundavam a cabine <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
uma luz sinistra. O escritor espreguiçou-se; os assentos não tinham sido concebidos<<strong>br</strong> />
para dormir e a noite tinha sido muito incômoda.<<strong>br</strong> />
Olhou em volta e viu que o piloto e Hilton tinham saído. Jimmy continuava<<strong>br</strong> />
dormindo. Gibson sentiu a vaga impressão <strong>de</strong> ter sido esquecido, mas pensou que<<strong>br</strong> />
ainda estarra mais aborrecido se o houvessem <strong>de</strong>spertado.<<strong>br</strong> />
Havia uma mensagem <strong>de</strong> Hilton pregada na pare<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Dizia apenas: «Saimos às 6:30. Voltaremos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> uma hora.<<strong>br</strong> />
Estaremos cheios <strong>de</strong> fome então. Fred.»<<strong>br</strong> />
Gibson <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>u o que Hilton pretendia. E a verda<strong>de</strong> era que ele também se<<strong>br</strong> />
sentia bastante esfomeado. A<strong>br</strong>iu o pacote <strong>de</strong> rações <strong>de</strong> emergência que o avião<<strong>br</strong> />
transportava na previsão <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>com</strong>o aquele, perguntando a si próprio quanto<<strong>br</strong> />
tempo elas durariam As suas tentativas para preparar uma bebida quente no<<strong>br</strong> />
fervedor <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>spertaram Jimmy, que pareceu um pouco envergonhado<<strong>br</strong> />
quando <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>u que fôra o último a acordar.<<strong>br</strong> />
- Dormiu bem? - perguntou Gibson.<<strong>br</strong> />
- Pareceu-me que já não dormia há uma semana - respon<strong>de</strong>u o rapaz, - On<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
estão os outros?<<strong>br</strong> />
A pergunta foi imediatamente respondida pelos sons <strong>de</strong> alguém que entrava na<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>porta <strong>de</strong> ar. Um momento <strong>de</strong>pois Hilton apareceu, seguido pelo piloto. Tiraram<<strong>br</strong> />
as máscaras e os aquecedores - lá fora a temperatura ainda estava abaixo do ponto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> congelamento - e avançaram para os pedaços <strong>de</strong> chocolate e carne <strong>com</strong>primida<<strong>br</strong> />
que G!ibson distribuira <strong>com</strong> uma imparcialida<strong>de</strong> impecável.<<strong>br</strong> />
- Bem - perguntou o escritor -, que dizem ?<<strong>br</strong> />
- Posso dizer-lhe uma coisa imediatamente - respon<strong>de</strong>u Hilton, <strong>com</strong> a boca cheia. -<<strong>br</strong> />
Temos muita sorte em estarmos vivos.<<strong>br</strong> />
- Isso eu já sabia.<<strong>br</strong> />
- Não sabem nem a meta<strong>de</strong>; não viram o lugar em que pousamos. Descemos<<strong>br</strong> />
paralelamente a esta colina durante quase um quilômetro, antes <strong>de</strong> pararmos. Se<<strong>br</strong> />
tivéssemos <strong>de</strong>sviado o rumo um par <strong>de</strong> graus para estibordo - pum! Quando<<strong>br</strong> />
pousamos ainda viramos um pouco para <strong>de</strong>ntro, mas não o suficiente para provocar<<strong>br</strong> />
estragos,<<strong>br</strong> />
«Estamos num longo vale, que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> leste a oeste. Parece uma falha<<strong>br</strong> />
geológica e não o velho leito <strong>de</strong> um rio. A encosta oposta a nós tem uma boa<<strong>br</strong> />
centena <strong>de</strong> metros <strong>de</strong> altura e é práticamente vertical - na verda<strong>de</strong> até se inclina um