A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...
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einava a certeza de que as medi<strong>da</strong>s não podiam ser de imediato<br />
implementa<strong>da</strong>s.<br />
quilombolas, selvagens e facinorosos:<br />
pânico na capital e no sertão<br />
A constatação <strong>da</strong> menciona<strong>da</strong> decadência <strong>da</strong> lavoura é preserva<strong>da</strong> nos<br />
documentos oficiais com a mesma força de explicação ao longo <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
de 60, ain<strong>da</strong> que as condições objetivas tenham sofrido sensíveis<br />
alterações com a ocorrência de novos eventos, como a Guerra Civil<br />
Norte-Americana e a elevação <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> de algodão no mercado<br />
internacional.<br />
O que varia, entretanto, nos Relatórios ulteriores à frustra<strong>da</strong><br />
experiência de colonização, é o reconhecimento público de que a presidência<br />
<strong>da</strong> província não dispõe de recursos que possibilitem a vin<strong>da</strong> de<br />
outros colonos.<br />
A escassez de “braços” é mostra<strong>da</strong> insistentemente 75 como agravando<br />
de maneira progressiva a situação <strong>da</strong> agricultura, mas ain<strong>da</strong> assim<br />
sobressai o fato de não serem apresenta<strong>da</strong>s apresenta<strong>da</strong>s quaisquer<br />
medi<strong>da</strong>s, que não a nomeação de comissões, em 1867 76 e em 1871 77 , para<br />
estu<strong>da</strong>r e apresentar sugestões sobre o problema. 78<br />
75. Em 1877 em suas conheci<strong>da</strong>s Cartas que compõem a publicação Cartas a um amigo<br />
velho <strong>–</strong> Ligeiro Estudo sobre o Estado econômico e industrial do Maranhão, Fábio<br />
Alexandrino de Carvalho Reis defende a “proibição <strong>da</strong> transferência de escravos de<br />
umas para outras províncias.” Como uma medi<strong>da</strong> para colocar “um paradeiro à nossa<br />
decadência” (Carvalho, Reis; 1877: 02 <strong>–</strong> Terceira Carta).<br />
Inicialmente esboça uma análise do que intitula “decadência”:<br />
“A lavoura definha por falta de braços, e bem depressa sucumbirá de todo, porque<br />
vende os instrumentos de trabalho para pagar os juros excessivos e as violentas amortizações<br />
de seus débitos; o comércio está esmorecido e decadente, porque não confia<br />
nos recursos <strong>da</strong> produção agrícola deprecia<strong>da</strong>; e as instituições de crédito, que até<br />
agora medravam e floresciam a sombra <strong>da</strong> ruína <strong>da</strong> lavoura, já começam a sentir os<br />
efeitos <strong>da</strong> decadência geral: abun<strong>da</strong> o dinheiro sem emprego lucrativo, como estava<br />
previsto pelos que rejeitam o brutal <strong>–</strong> come<strong>da</strong>mus et bibamus, cras enin moriemur <strong>–</strong>do<br />
velho epicurista.” (Carvalho Reis; 1877:05 <strong>–</strong> Primeira Carta).<br />
Na segun<strong>da</strong> carta o autor se propõe ao “exame de causas principais <strong>da</strong> decadência<br />
<strong>da</strong> província.” Buscando sintetizá-las enumera cinco causas, sem qualquer dissonância<br />
com a documentação oficial, senão vejamos:<br />
“A meu ver a nossa decadência decorre <strong>da</strong>s seguintes principalmente:<br />
1.ª <strong>–</strong> Extinção do tráfico de africanos;<br />
120 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>