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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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No presente caso, cabe destacar a analogia quilombola/colono<br />

cearense, que as medi<strong>da</strong>s do assentamento deixam entrever. São<br />

representados como agentes sociais cujas concepções sobre a organização<br />

do espaço para a consecução de suas ativi<strong>da</strong>des produtivas são<br />

ti<strong>da</strong>s como coincidentes. E valendo-se desta “coincidência” é que o<br />

governo provincial se apropria, pela força, do conhecimento dos quilombolas,<br />

expresso em suas realizações materiais, e os integra na sua<br />

experiência colonizadora.<br />

Enquanto em experiências outras de “colonização” procura-se<br />

distinguir o “dirigido” do “espontâneo”, apresentando-se o “dirigido”<br />

envolto nas teias <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de e o outro em teias contrárias, sem<br />

sequer aproveitar, pelo estudo e análise, a experiência destes “espontâneos”<br />

para uma maior eficácia dos projetos colonizatórios; um século<br />

atrás o governo provincial do Maranhão, pela força <strong>da</strong>s armas, apagou<br />

distinção quilombola (espontâneo) / (dirigido) colono cearense tomando<br />

como presa de guerra o produto do trabalho dos espontâneos<br />

(quilombolas). Reconheceu e legitimou plenamente as realizações dos<br />

quilombolas, mesmo que pela repressão e o saque, e incorporou-as tal<br />

qual para erigir núcleos de colonização, desdizendo na prática as próprias<br />

pré-noções de que os quilombolas eram malfeitores e desordeiros e<br />

viviam de maneira ociosa.<br />

considerações finais<br />

Chegados a este ponto os que acompanharam a análise <strong>da</strong> versão dos<br />

administradores provinciais acerca <strong>da</strong> decadência <strong>da</strong> lavoura podem<br />

também assentir, que a expressão funciona em ver<strong>da</strong>de como mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de<br />

de percepção, que articula os elementos que integram a ideologia<br />

oficial em diferentes déca<strong>da</strong>s. Por seu intermédio é que são esboça<strong>da</strong>s as<br />

visões de conjunto dos problemas que afetam a vi<strong>da</strong> econômica e social<br />

<strong>da</strong> província. Há uma convergência, qualquer que seja o problema econômico<br />

<strong>da</strong> província que se releve, para o denominado estado<br />

decadente <strong>da</strong> agricultura. Não há na<strong>da</strong> que não seja justificado, de<br />

maneira ti<strong>da</strong> como satisfatória, que não através desta referência. Mostrase<br />

tão abrangente e vasta, quanto sujeita a ser preenchi<strong>da</strong> com medi<strong>da</strong>s<br />

e intenções as mais controversas.<br />

A ideologia <strong>da</strong> decadência · 141

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