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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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sua constituição não prescinde e que concorrem diretamente para desven<strong>da</strong>r<br />

o seu próprio sentido.<br />

Firmado este pressuposto analítico foi levanta<strong>da</strong> a questão se<br />

seria possível se estabelecer as regras a que o emprego e a utilização <strong>da</strong><br />

categoria decadência <strong>da</strong> lavoura estavam submetidos.<br />

a decadência <strong>da</strong> lavoura como um<br />

padrão de explicação<br />

As interpretações <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> decadência <strong>da</strong> lavoura, enquanto um<br />

lugar estratégico nas versões oficiais, parecem apontar, <strong>da</strong> ótica do pesquisador,<br />

tanto para uma categoria fun<strong>da</strong>mental ao discurso captado,<br />

quanto para um padrão de explicação. Suscitam uma determina<strong>da</strong><br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de pensar a situação <strong>da</strong> província cristaliza<strong>da</strong> não só na produção<br />

erudita, mas também no pensamento político oficial. Perpassam,<br />

porquanto operações inconscientes, as formulações <strong>da</strong>s diversas facções<br />

(bem-te-vis, cabanos) e partidos políticos formais (liberais, conservadores)<br />

em luta constante pelo poder provincial. Os componentes deste<br />

mencionado padrão se sucedem nos diferentes documentos elaborados<br />

pela burocracia provincial através de uma articulação a mesma. Cumprem<br />

com uma eficácia própria do discurso político, <strong>da</strong>do a redundância, 3<br />

uma função demonstrativa que torna as formulações relativas à decadência<br />

dota<strong>da</strong>s de uma característica de inquestionabili<strong>da</strong>de. Não há<br />

quem as refute e todos são unânimes em recorrer a elas para definir as<br />

condições econômicas e sociais <strong>da</strong> província quaisquer que sejam, em<br />

diferentes tempos. Tanto são registra<strong>da</strong>s num Relatório apresentado à<br />

Assembléia Legislativa em junho de 1844 4 , quanto num outro de 1857 5<br />

ou ain<strong>da</strong> num terceiro de 1876 6 , e assim em diante até fins <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de<br />

80. Não há grande variação no tom dos documentos. A monotonia dos<br />

3. Cf Leach, Edmund. Genesis as myth and other essays. London: Cape Edition, 1969.<br />

4. Vide Relatório que dirigiu o Presidente <strong>da</strong> Província João José de Moura Magalhães<br />

à Assembléia Legislativa Provincial em 20 de junho de 1844. Maranhão, Tip. Maranhense,<br />

1844,p.16.<br />

5. Vide Relatório que à Assembléia legislativa Provincial apresentou em sessão ordinária<br />

de 1857, o Presidente <strong>da</strong> Província Dr. Benevenuto Augusto de Magalhães Taques.<br />

Maranhão, 1857,p.17.<br />

6. Vide Relatório que o Presidente <strong>da</strong> Província, Antonio <strong>da</strong> Cruz Machado, apresentou<br />

à Assembléia Legislativa Provincial em sessão ordinária de 1856. Maranhão, 1856,p.21.<br />

A ideologia <strong>da</strong> decadência · 65

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