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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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Bahia e que são tão prejudiciais à Socie<strong>da</strong>de como os mesmos Gentios<br />

(...)” (Xavier, Ibid.: 309) (g.n.). 20<br />

E na visão de G. de Abranches mesmo com a adoção de “leis que<br />

persigam a ociosi<strong>da</strong>de” (Ibid.: 39) não se poderá contornar os problemas<br />

colocados pelos determinismos geográficos e nem se poderá pensar em<br />

substituir os escravos por estes demais trabalhadores num curto prazo.<br />

O outro entrave focalizado por Gaioso refere-se às flutuações do<br />

preço do algodão no mercado e, particularmente, a uma baixa registra<strong>da</strong><br />

em 1812 (Gaioso, Ibid.: 258). Dispõe os negociantes de algodão como<br />

responsáveis pela ruína dos plantadores de algodão (Ibid.: 262). Apresenta<br />

acordos firmados entre os negociantes, que os faz se abastecerem<br />

mutuamente nos momentos críticos impedindo a elevação do preço do<br />

algodão. A regulação <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>, mantém os preços como inferiores<br />

àqueles estabelecidos na Inglaterra. Forçados a venderem sua produção<br />

a um preço baixo os chamados lavradores não conseguem sal<strong>da</strong>r<br />

seus débitos, ficando atrelados de maneira permanente aos comerciantes.<br />

Os recursos escassos de que dispõem os denominados lavradores,<br />

vistos como “falta de capitais”, não permitem que ampliaçãoes e melhoramentos<br />

sejam levados a termo nas fazen<strong>da</strong>s, nem favorecem o<br />

aumento <strong>da</strong> produção. Para Gaioso isto acarreta na per<strong>da</strong> gradual <strong>da</strong><br />

antiga opulência.<br />

G. de Abranches com apoio numa descrição semelhante arremata:<br />

“Pelo que tenho espendido, concluo <strong>–</strong> que a Lavoura não está<br />

em tanta decadência como estão os lavradores” (G. de Abranches, Ibid.:<br />

35) (g.n.)<br />

A questão é desloca<strong>da</strong> para as relações sociais estabeleci<strong>da</strong>s na<br />

esfera <strong>da</strong> circulação. O endivi<strong>da</strong>mento crescente dos referidos lavradores<br />

permite aos comerciantes a hegemonia e controle <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> política e<br />

econômica do Maranhão: “Mostrarei o estado <strong>da</strong> decadência que se<br />

acha presentemente reduzi<strong>da</strong> a lavoura, o estado de vegetação dos seus<br />

20. Uma caracterização <strong>da</strong> população livre dos sertões feita por Xavier:<br />

E tornando a tratar <strong>da</strong> Classe dos Vadios, direi mais que sendo os sertões de Pernambuco<br />

e Bahia sujeitos a freqüentes Secas pelas que tem havido nos anos passados, tem vindo<br />

refugiar-se nas Províncias do Maranhão e do Piauí um aluvião de famílias e homens<br />

malvados, alguns por este imperioso motivo, outros alegando-o são na reali<strong>da</strong>de Réus de<br />

enormes Crimes que vá vem continuar an<strong>da</strong>ndo errantes às perseguições <strong>da</strong> Justiças ora<br />

em bando (a que lá chamam Ciganos) ora arraiatados por entre os Campestres e Matos<br />

em pequenas cabanas de palha, principalmente ao longo <strong>da</strong> grande e única estra<strong>da</strong> que<br />

deste dos sertões à fora de Itapecuru Mirim. (Xavier, Ibid.: 310) (g.n.)<br />

52 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>

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