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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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Interpreta-se a situação histórica <strong>da</strong> província como um processo<br />

evolutivo cujo estado considerado inicial ou a origem se assemelha<br />

ao estado final. E no decorrer deste processo ela oscila periodicamente<br />

entre os opostos extremos destes tais estados, como a descrever altos e<br />

baixos num gráfico imaginário.<br />

Revela-se os meandros de uma concepção cíclica <strong>da</strong> história em que<br />

os fenômenos se repetem numa certa ordem e com <strong>da</strong><strong>da</strong> regulari<strong>da</strong>de.<br />

As representações que procedem a esta divisão em períodos que<br />

se sucedem à molde de uma série num fundo de permanência, achamse<br />

ampara<strong>da</strong>s por uma idéia geral de continui<strong>da</strong>de. Refletem uma visão<br />

de desenvolvimento cíclico <strong>da</strong> história cujas clivagens conferem estatuto<br />

temporal a um conjunto de acontecimentos tidos como aproximáveis<br />

e articuláveis através <strong>da</strong>s denomina<strong>da</strong>s épocas. Reduzem as diferenças<br />

que caracterizam as especifici<strong>da</strong>des destes acontecimentos amol<strong>da</strong>ndoos<br />

a uma periodização convencional, que estabelece ligações lineares<br />

entre eles.<br />

Neste esquema de explicação analisado a decadência só pode existir<br />

porque ocorreu um período tido como de prosperi<strong>da</strong>de e ela<br />

representa, de algum modo, uma decorrência <strong>da</strong> extinção deste estado<br />

de coisas considerado como positivo e afortunado.<br />

O procedimento de recorrer a esta menciona<strong>da</strong> época do desenvolvimento<br />

e <strong>da</strong> prosperi<strong>da</strong>de encerra, pois, uma dúplice proposição: se<br />

por um lado intenta explicar a decadência pela prosperi<strong>da</strong>de, o seu oposto<br />

simétrico, por outro, simultaneamente, mostra que é nesta mesma<br />

prosperi<strong>da</strong>de que se pode localizar os indícios primeiros <strong>da</strong> decadência.A<br />

própria edificação do período de prosperi<strong>da</strong>de é apresenta<strong>da</strong> como<br />

tendo sido firma<strong>da</strong> em bases poucos sóli<strong>da</strong>s, que escondiam o seu contrário,<br />

que abrigavam potencialmente a origem <strong>da</strong> própria decadência.<br />

O contrário então passa a ser relativizado enquanto tal e é apresentado<br />

como tendo concorrido para gerar a decadência constata<strong>da</strong> no presente.<br />

Senão vejamos:<br />

... ao passo que se concedia aos índios deste estado, pela Lei de<br />

6 de junho de 1755, a liber<strong>da</strong>de de suas pessoas e bens, autorizava-se<br />

a introdução em grande escala de escravos <strong>da</strong> Costa<br />

d’África. A base portanto, em que se assentava a prosperi<strong>da</strong>de<br />

nascente <strong>da</strong> capitania era falsa e não podia ser de longa duração.<br />

(Ibid: p. 75) (g.n.)<br />

A ideologia <strong>da</strong> decadência · 69

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