A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...
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Os impostos previstos pela legislação provincial sobre a exportação de<br />
escravos para outras províncias eram sonegados ou não constituiam<br />
obstáculo à evasão. Corroborando isto Paes Barreto ressalta o agravamento<br />
<strong>da</strong> cita<strong>da</strong> “falta de braços”, numa imagem que seria grava<strong>da</strong> por<br />
representações literárias de momentos posteriores 31 referentes à vi<strong>da</strong> na<br />
província na segun<strong>da</strong> metade do século xix: “... fazen<strong>da</strong>s inteiras tem<br />
ficado despovoa<strong>da</strong>s de escravos”(Ibid:13).<br />
Consultando-se o mapa demonstrativo <strong>da</strong> exportação de escravos<br />
nos exercícios de 1860-1861 até 1874-1875 elaborado pelo Tesouro<br />
Público Provincial obtém-se pela soma do correspondente a ca<strong>da</strong> exercício<br />
o total de 5.357 escravos exportados. Isto é, segundo os re<strong>da</strong>tores<br />
do Jornal <strong>da</strong> Lavoura que transcrevem o quadro “uma média anual de<br />
357, que corresponde a quase um escravo por dia”. 32<br />
Exercícios Escravos Exportados Exercícios Escravos Exportados<br />
1860-1861 512 1868-1869 652<br />
1861-1862 289 1869-1870 435<br />
1862-1863 321 1870-1871 212<br />
1863-1864 169 1871-1872 155<br />
1864-1865 43 1872-1873 300<br />
1865-1866 77 1873-1874 948<br />
1866-1867 76 1874-1875 756<br />
1867-1868 411<br />
A exportação de escravos para as lavouras cafeeiras <strong>da</strong>s “províncias do<br />
sul” ou o “comércio negreiro interprovincial” consistiria, na versão dos<br />
intérpretes oficiais, num recurso de que os lavradores lançam mão para<br />
sal<strong>da</strong>rem suas dívi<strong>da</strong>s e os empréstimos usurários. O elevado preço obti-<br />
31. Vide: Montello, Josué. A noite sobre Alcântara. Rio de Janeiro: Liv. José Olympio<br />
Ed., 1978.<br />
Guerra, Plácido.“A Crise” (folhetim). A Companhia. São Luís, ano i, n.º 1, abril de 1902.<br />
32. Cf. “Exportação de escravos, algodão e açúcar”, Jornal <strong>da</strong> Lavoura, ano 1, n.º 3.<br />
Maranhão, 15 de julho de 1875,pp.30-31.<br />
Acrescente-se que:<br />
“Nos 7 primeiros, isto é, de 1860-61 a 1866-67, subiu o número de escravos exportados<br />
a 1.487, sendo a média anual de 212 e nos oito seguintes, isto é de 1867-1868 a 1874-<br />
1875 elevou-se a cifra a 3.870, <strong>da</strong>ndo uma média anual de quase 484; donde se depreende<br />
que, no último espaço de tempo considerado, excedeu a exportação de escravos ao<br />
dobro mais 60 do que foi nos sete primeiros exercícios, a que acima referimos, seno<br />
para notar-se o exercício de 1873-1874, em que saíram <strong>da</strong> província 948 escravos.”<br />
86 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>