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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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pois, uma explanação ou um esforço capaz de precisar cui<strong>da</strong>dosamente o<br />

seu significado. Não haveria porque se deter numa sua explicação rigorosa<br />

se a decadência se justifica por si própria. É passível de ser observa<strong>da</strong><br />

empiricamente e está ao alcance dos recursos impressionísticos disponíveis<br />

a um público amplo e difuso que a pressente. Torna-se, portanto,<br />

uma figura do senso-comum, inteligível a todos quanto os pronunciamentos<br />

oficiais puderem atingir.<br />

Isto conduz a que ela seja pensa<strong>da</strong> aparte de uma definição,<br />

segundo uma ausência de qualificações imprescindíveis para o que se<br />

tem como o desenvolvimento <strong>da</strong> agricultura e <strong>da</strong> província.<br />

Presa à rotina, desfalca<strong>da</strong> de braços, curva<strong>da</strong> ao peso de um<br />

débito que de ano a ano cresce e a assoberba, se é triste o seu<br />

presente, mais triste e desanimador se lhe antolha o futuro. (...)<br />

São em ver<strong>da</strong>de grandes os embaraços resultantes <strong>da</strong> falta de<br />

capitais e braços; não são porém insuperáveis nem em meu<br />

humilde conceito, as causas únicas nem as mais poderosas do<br />

atraso <strong>da</strong> lavoura. Com os braços e capitais que nos restam,<br />

poderia ser outra a produção, e mais próspero o estado de tão<br />

importante indústria. (...)<br />

Em tais condições, a produção mal compensa o trabalho, nem<br />

sempre sobre as despesas do custeio do estabelecimento e este<br />

estado de coisa, que já não é lisongeiro, agrava-se e complicase<br />

pela falta de economia, virtude pouco cultiva<strong>da</strong> entre nós e<br />

quase desconheci<strong>da</strong> de muitos agricultores.<br />

Além de escassa, não é a produção completamente aproveita<strong>da</strong>.<br />

Alguns produtos ficam perdidos por falta de vias de comunicação<br />

ou pelo péssimo estado <strong>da</strong>s existentes. (Gomes de Castro,<br />

1875: 50-52) (g.n.) 22<br />

22. Vide Relatório com que Augusto Olympio Gomes de Castro passou a administração<br />

<strong>da</strong> Província, no dia 22 de fevereiro de 1875, ao Conselheiro Desembargador José<br />

Pereira <strong>da</strong> Graça, 2.º Vice-Presidente <strong>da</strong> Província. Maranhão: Tip. Paiz, pp. 50-53, 1875.<br />

23. Esta percepção corrente nos pronunciamentos oficiais perpassa também as análises<br />

de produtores intelectuais consagrados regionalmente. César Augusto Marques elabora<br />

em 1876, por solicitação do governo provincial, uma memória de divulgação ampla<br />

sobre a Província do Maranhão à Exposição de Filadélfia. Publica<strong>da</strong> por ordem do<br />

Ministério <strong>da</strong> Agricultura, Comércio e Obras Públicas ela reproduz ingenuamente a<br />

A ideologia <strong>da</strong> decadência · 79

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