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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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gastar as forças dos mesmos estabelecimentos e torná-los menos<br />

produtores. (Marques, 1876: 38) (g.n.)<br />

Elevando a produção, pela intensificação <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong> de trabalho, os<br />

grandes proprietários intentavam manter inalteráveis as ren<strong>da</strong>s auferi<strong>da</strong>s<br />

com a produção algodoeira. O aumento <strong>da</strong> produção compensava<br />

a diminuição do preço de mercado.<br />

Com esta intensificação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des dos escravos, eles ficavam<br />

impedidos de se dedicarem aos trabalhos dos roçados destinados ao<br />

consumo familiar, o que acarretava então uma elevação de deman<strong>da</strong><br />

de farinha, arroz e peixe seco e demais gêneros alimentícios para o fortalecimento<br />

<strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s. Os pequenos produtores agrícolas eram<br />

levados assim, a aumentarem a sua produção abastecendo não apenas<br />

as vilas e ci<strong>da</strong>des, mas também as grandes fazen<strong>da</strong>s.<br />

Nos exercícios em que César A. Marques registra o aumento <strong>da</strong><br />

produção a quanti<strong>da</strong>de de escravos exportados mantém-se igualmente<br />

eleva<strong>da</strong>, não conhecendo qualquer solução de continui<strong>da</strong>de. Com os<br />

contingentes de escravos que “diariamente se exportam” e que não são<br />

repostos, 30 conforme o atestam Ferreira Penna, em 1849, e Marques, em<br />

1876, tem-se subtraí<strong>da</strong>, em números absolutos, a força de trabalho na<br />

agricultura. Atente-se que são exportados os mais vigorosos e moços,<br />

em i<strong>da</strong>de adulta, que auferiam melhores rendimentos. Entretanto, para<br />

A. Marques isto não se reflete no volume produzido ou não tem efeitos<br />

diretos sobre tal.<br />

Ilustrando esta exportação de escravos para as “Províncias do<br />

Sul” o Relatório apresentado por Francisco Xavier Paes Barreto ao Vice-<br />

Presidente João Pedro Dias Vieira, em 13 de abril de 1858, ao passar-lhe<br />

a administração, registra os seguintes <strong>da</strong>dos:<br />

Calcula-se em 1.000 o número de escravos, que tem saído <strong>da</strong><br />

Província desde 1846 a 1857 sem o pagamento <strong>da</strong> respectiva<br />

taxa. Durante o período foram exportados para fora <strong>da</strong> Província<br />

mediante o pagamento do imposto estabelecido 4.246<br />

escravos. (Barreto, 1858: 13)<br />

30. Estimativas sobre as entra<strong>da</strong>s de escravos pelo porto de São Luís, na primeira metade<br />

do século xix podem ser consulta<strong>da</strong>s nas séries estatísticas construí<strong>da</strong>s por<br />

Maurício Goulart em: A Escravidão Africana no Brasil <strong>–</strong> <strong>da</strong>s origens à extinção do tráfico.<br />

3.ª edição. São Paulo. Alfa-Omega, pp. 267-273, 1975.<br />

A ideologia <strong>da</strong> decadência · 85

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