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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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ciona<strong>da</strong> prosperi<strong>da</strong>de, e que o fim último <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s concebi<strong>da</strong>s para<br />

debelar a decadência é alcançar a prosperi<strong>da</strong>de. Tem-se um esquema<br />

de causali<strong>da</strong>de simples. Ele é que inspira a ordem de exposição <strong>da</strong>s<br />

diversas interpretações.<br />

Retomando a questão <strong>da</strong> origem, vale dizer que a idealização de<br />

um passado determinado perpassa sem desvelo o conjunto <strong>da</strong>s interpretações<br />

posteriores àquela dos patronos e dos clássicos. O corte temporal<br />

estabelecido por eles tem uma vigência que perdura.<br />

Para efeitos de exemplificação recorra-se a excertos de análises<br />

de dois intérpretes hodiernos exponenciais, que respondem pelas mais<br />

conheci<strong>da</strong>s reconstituições históricas <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong> agricultura do<br />

Maranhão:<br />

A Companhia de Comércio transformou a nossa penúria em<br />

fartura, a nossa pobreza em riqueza. Deve-lhe o Maranhão o<br />

surto de progresso que desfrutou nos últimos quarenta anos do<br />

período colonial e que todos os historiadores consideram notável.<br />

(Viveiros, 1954: 74) (g.n.)<br />

Na ver<strong>da</strong>de, o Maranhão só passa a constituir-se reali<strong>da</strong>de<br />

econômica ponderável, no contexto colonial português, quando<br />

o Marquês de Pombal decide criar condições objetivas de<br />

expansão através <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> Companhia Geral do Comércio<br />

do Grão-Pará e Maranhão, cujo monopólio era condicionado<br />

a rígi<strong>da</strong>s exigências de suprimento de mão-de-obra escrava,<br />

implementos e insumos agrícolas e créditos aos produtores.<br />

(Tribuzi, 1981: 13) (g.n.)<br />

O que antecede a este marco é como se fora a pré-história <strong>da</strong> agricultura<br />

no Maranhão e o que o sucede é traduzido por um fechamento do<br />

intervalo cognominado de prosperi<strong>da</strong>de, que inaugura o domínio de<br />

uma decadência como característica constante do presente de quem fala.<br />

Ain<strong>da</strong> que as <strong>da</strong>tas que são arrola<strong>da</strong>s para expressar o término<br />

<strong>da</strong> prosperi<strong>da</strong>de não sejam exatamente as mesmas, Gaioso refere-se a<br />

1812, os administradores coloniais a 1819-20 e Tribuzi a 1808, 5 elas são<br />

5. Cf. Tribuzi, Bandeira (José Tribuzi Pinheiro Gomes). Formação Econômica do Maranhão.<br />

Uma proposta de desenvolvimento. São Luís: fipes, 1981,p.17; e também Viveiros<br />

Jerônimo de. História do Comércio do Maranhão (1612-1895). São Luís: Associação<br />

Comercial do Maranhão, p. 74, 1954.<br />

A ideologia <strong>da</strong> decadência · 151

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