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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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indolência <strong>da</strong> população, desdizendo inclusive as análises de 1856 e 1857<br />

que asseguravam uma “época de regeneração” ou de recuperação do<br />

“hábito do trabalho.”<br />

O “colono brasileiro” representaria, nesta ordem, o trabalhador<br />

dito ocioso enquadrado na disciplina e na jorna<strong>da</strong> de trabalho própria<br />

dos grandes estabelecimentos agrícolas. E tal enquadramento deman<strong>da</strong><br />

um reconhecimento jurídico, de mecanismos de imobilização de<br />

mão-de-obra que se tem como necessários.<br />

O Relatório de 22 de fevereiro de 1875 assevera:<br />

Quanto à falta de braços, não me parece que seja fácil o meio<br />

de remediá-la. Não devendo contar com a colonização estrangeira,<br />

ao menos em um prazo breve resta-nos uma única esperança<br />

<strong>–</strong> o aproveitamento de milhares de braços válidos até<br />

hoje perdidos na ociosi<strong>da</strong>de.<br />

Deu-nos a providência um solo feracíssimo, apropriado a todo<br />

gênero de cultura. Mas, a terra reserva os seus tesouros para<br />

quem a cultiva e só ao trabalho concede os frutos, que esconde<br />

à inércia. (Ibid., p. 71) (g.n.)<br />

As ideologias do progresso partem do pressuposto de que existem riquezas<br />

naturais e potenciali<strong>da</strong>de de recursos na província. Reconhecem o<br />

solo como sempre fértil, culpabilizando porém os indivíduos que nele<br />

trabalham. Desenvolvem uma oposição constante entre a “exuberância<br />

<strong>da</strong> natureza” e a incapaci<strong>da</strong>de dos indivíduos. Visam justificar com isto<br />

as medi<strong>da</strong>s de repressão sobre a força de trabalho dispersa com o objetivo<br />

de transformar seus integrantes em “colonos”.<br />

Várias proposições ganham corpo dentro desta colocação aparentemente<br />

nova do problema de “falta de braços”. Lendo-se o Relatório<br />

de 17 de maio de 1873 releva-se as seguintes sugestões para controle e<br />

vigilância dos camponeses e dos grupos indígenas:<br />

No meio desta situação embaraçosa vejo dois grandes elementos<br />

de vi<strong>da</strong> e prosperi<strong>da</strong>de para a nossa lavoura:<br />

1.º <strong>–</strong> o aproveitamento de nosso braços, dispersos por todo o<br />

país, mediante uma lei bem medita<strong>da</strong>, que puna severamente<br />

a vadiagem, especialmente nos campos agrícolas.<br />

2.º <strong>–</strong> a civilização dos nosso índios, ain<strong>da</strong> bravios alguns, e<br />

A ideologia <strong>da</strong> decadência · 129

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