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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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solicitando para sê-lo. Cotejando-se os textos dos referidos patronos,<br />

com aqueles dos administradores coloniais e os demais produzidos<br />

pelas interpretações posteriores depreende-se que o sentido <strong>da</strong> decadência<br />

<strong>da</strong> lavoura, ain<strong>da</strong> que se complete nas diferentes literaturas,<br />

mantém-se sem quaisquer alterações qualitativas.<br />

presenciali<strong>da</strong>de do passado<br />

Se é fato que não postula um saber específico, não se pode negar contudo,<br />

que requer um passado e uma memória. Segundo Castro Faria 4 a<br />

noção de presenciali<strong>da</strong>de do passado envolve todos aqueles recursos<br />

próprios de padrões de explicação já cristalizados na vi<strong>da</strong> intelectual,<br />

que determinam que ao se falar de um <strong>da</strong>do tema tenha que se tomar<br />

como ponto de parti<strong>da</strong> um evento rigorosamente <strong>da</strong>tado, que se constitua<br />

numa espécie de espaço sagrado, que a tradição erudita reserva<br />

para que o presente possa ter o princípio de sua compreensão.<br />

Na literatura concernente à história do Maranhão ou mais especificamente<br />

ao desenvolvimento de sua agricultura percebe-se que todos<br />

os esforços intelectuais convergem para o início <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do<br />

século xviii. A <strong>da</strong>ta que é aciona<strong>da</strong> como representando o chamado<br />

“marco zero” <strong>da</strong> história econômica e agrícola do Maranhão situa-se em<br />

1755-56. Os autores consagrados do século passado e de hoje firmaram<br />

um pacto tácito, que funciona como uma camisa de força impelindo<br />

todo e qualquer intérprete a se debruçar sobre este ponto de parti<strong>da</strong> oficioso.<br />

Dos estudos elaborados por Gaioso em 1822-13 e publicados em<br />

1818 até os de Tribuzi, produzidos em 1975 e editados em 1981, passando<br />

pelos trabalhos de Paxeco e Amaral que <strong>da</strong>tam <strong>da</strong>s primeiras déca<strong>da</strong>s do<br />

século xx e pelos de Viveiros, publicados em 1954 e 1964, há um acordo<br />

absoluto com respeito à pertinência desta origem.<br />

No contexto <strong>da</strong> oposição decadência versus prosperi<strong>da</strong>de é que se<br />

destaca o recurso de um procedimento retrocessivo. A maneira de se efetuar<br />

a oposição é que justifica o recuo no tempo. Isto porque, a despeito<br />

de se oporem, os polos são passíveis de serem convertidos mutuamente.<br />

Melhor dizendo, os intérpretes asseveram que as chama<strong>da</strong>s “causas”<br />

de declínio são encontráveis no tempo anterior, que corresponde à men-<br />

4. Cf. Castro Faria, Luís de. Relatórios <strong>da</strong> pesquisa Pensamento Social Brasileiro. Museu<br />

Nacional/ufrj. Rio de Janeiro, 1981.<br />

150 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>

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