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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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mico. Enfatiza que a riqueza reduz-se à terra e à agricultura; reivindica<br />

um livre comércio e tenta urdir uma defesa dos pontos de vista dos<br />

mencionados lavradores. Eis o que faz com que G. de Abranches e Xavier<br />

se aproximem dele perfilando ao lado <strong>da</strong>queles que representavam no<br />

seu entender a única fonte de riqueza <strong>da</strong> província.<br />

A fertili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> terra tão exalta<strong>da</strong> por Gaioso (Ibid.: 202), por<br />

Xavier (Ibid.: 311) e por G. de Abranches inscreve-se nesta perspectiva<br />

fisiocrática de relevar a terra como um elemento natural e o trabalho<br />

agrícola como o criador de riqueza por excelência. Trata-se de uma constante<br />

que perpassa as diferentes interpretações e que lhes empresta uma<br />

homogenei<strong>da</strong>de de concepção.<br />

Em 1826, quase que paralelamente à circulação desta produção<br />

intelectual menciona<strong>da</strong>, registra-se na cena política oficial uma reprodução<br />

<strong>da</strong>queles argumentos para liberar terras sob controle de povos<br />

indígenas para grandes empreendimentos de agricultura tropical. A<br />

noção de remover os “entraves” à agricultura aparecia agora na forma<br />

de uma ação política expressa por um plano ou projeto de colonização.<br />

As propostas de criação de companhias de colonização começam a aparecer<br />

e a mobilizar acionistas, nota<strong>da</strong>mente entre políticos <strong>da</strong> Província.<br />

Joaquim José de Siqueira apresentou seu projeto de colonização do<br />

Mearim e Pin<strong>da</strong>ré ao Presidente <strong>da</strong> Provincia Pedro José <strong>da</strong> Costa Barros<br />

e buscou torná-lo um detentor de ações e defensor <strong>da</strong> proposta.<br />

Assim, na sessão de 28 de junho de 1826 ocorreu uma ampla discussão<br />

na Câmara dos Deputados do Império em torno de um “Projeto de<br />

Agricultura e Povoação para os Rios Mearim, Grajaú e Pin<strong>da</strong>ré”, prevendo<br />

formas de escoamento <strong>da</strong> produção agrícola e extrativa através <strong>da</strong><br />

navegação e uma colonização com emigrantes europeus. O Secretário<br />

<strong>da</strong> Câmara Sr. Costa Aguiar expôs o referido Projeto através do “requerimento<br />

de Joaquim José de Siqueira, em que lhe pedia que se lhe<br />

confiasse o Projecto, que tinha apresentado para a navegação dos Rios<br />

Mearim, Grajaú e Pin<strong>da</strong>ré na Província do Maranhão, com o Parecer<br />

que sobre ele dera a Comissão de Comércio, para o man<strong>da</strong>r imprimir,<br />

e repartir pelos senhores Deputados” (Cf. Actas <strong>da</strong>s Sessões <strong>da</strong> Câmara<br />

dos Deputados do Império do Brasil. 1826,p.431). 22<br />

Joaquim José de Siqueira estrutura seu projeto opondo a opulência<br />

<strong>da</strong> natureza e a extrema riqueza dos recursos naturais à uma suposta<br />

22. Cf. Actas <strong>da</strong>s Sessões <strong>da</strong> Câmara dos Deputados do Império do Brasil. Rio de Janeiro.<br />

Imprensa Imperial e Nacional, 1826, vol i.<br />

54 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>

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