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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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feitas sobre as interpretações, confinando-as no lugar estreito <strong>da</strong>s prénoções<br />

e <strong>da</strong>s visões preconcebi<strong>da</strong>s. Esta marca é ineludível e essencial<br />

para que se enten<strong>da</strong> os fun<strong>da</strong>mentos ideológicos de tal produção.<br />

o autor-fonte dos patronos,<br />

dos clássicos e de seu epígonos<br />

Todos os autores enfocados, à exceção de Manoel Antonio Xavier, fazem<br />

uso de uma mesma leitura básica de referência. Recorrem invariavelmente<br />

à mesma fonte autoriza<strong>da</strong>, mediante informação insuspeita. Por intermédio<br />

dela avalizam a procedência dos <strong>da</strong>dos e buscam reafirmar uma<br />

competência indiscutível para tratar determinados assuntos como a história<br />

do Maranhão.<br />

O autor-fonte que é acionado trata-se de Bernardo Pereira de<br />

Berredo e Castro, Capitão de Cavalaria que foi Governador Geral do<br />

Estado do Maranhão de 1718 a 1722. Seu trabalho que é insistentemente<br />

citado intitula-se Anais Históricos do Estado do Maranhão. Elaborado em<br />

1722 só foi <strong>da</strong>do à publicação em 1749, constituindo-se na principal fonte<br />

relativa à história do Maranhão de meados do século xvi até as primeiras<br />

déca<strong>da</strong>s do século xviii.<br />

Uma <strong>da</strong>s mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des do hábito de citação de Berredo consiste<br />

em afirmar que se citou Berredo ao longo do texto. Antes de citá-lo<br />

diz-se que foi citado. Isto faz com que seja lembrado geralmente na<br />

introdução ou nas notas prévias aos leitores, como no caso de Fr. Francisco<br />

de N. S. dos Prazeres, ou no chamado “Discurso preliminar”, como<br />

ocorre com Gaioso, ou no primeiro parágrafo do texto como o fazem<br />

Ribeiro e Garcia de Abranches ou ain<strong>da</strong> do longo <strong>da</strong> primeira parte <strong>da</strong><br />

narrativa, tal como procede Pereira do Lago.<br />

Reconhecem de início a sua autori<strong>da</strong>de procurando passar logo<br />

pelo tributo deste assentimento, antes mesmo de entrar propriamente<br />

no corpo do texto. Asseguram assim, estar em dia com a tradição letra<strong>da</strong><br />

e com uma proveniência de <strong>da</strong>dos considera<strong>da</strong> a mais segura.<br />

Demonstrar que se leu é uma atitude ti<strong>da</strong> como legítima na vi<strong>da</strong><br />

intelectual <strong>da</strong> província na segun<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> do século xix. A menção<br />

explícita atribuindo autori<strong>da</strong>de inquestionável ao autor-fonte, investe<br />

de autori<strong>da</strong>de o próprio autor que demonstra ter lido. O autor-fonte<br />

empresta sua glória já firma<strong>da</strong> àquele que o cita ao projetar sobre seus<br />

38 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>

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