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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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do Coronel Luiz Alves de Lima, cognominado “O Pacificador do Maranhão”,<br />

consistia em impedir a junção dos denominados “rebeldes” com<br />

os escravos. Visava sempre indispor uns com os outros sem o que a possibili<strong>da</strong>de<br />

de vitória militar ficaria seriamente comprometi<strong>da</strong> e a<br />

reorganização do sistema produtivo ameaça<strong>da</strong> de maneira definitiva.<br />

Além do mais estes movimentos sociais eram representados pelos<br />

administradores provinciais como estimulando a ociosi<strong>da</strong>de ao desviar<br />

de suas ativi<strong>da</strong>des produtivas amplos contingentes de mão-de-obra,<br />

incorporados às arma<strong>da</strong>s em conten<strong>da</strong>.<br />

À escassez de braços se acrescentava assim, uma inativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

força de trabalho efetivamente disponível, o que do ângulo dos intérpretes<br />

oficiais agravava a decadência em que se achava coloca<strong>da</strong> a<br />

província. Há nesta visão uma censura evidente aos grandes proprietários<br />

de terras, os chamados lavradores, que compunham as facções<br />

dominantes na cena política provincial, responsabilizando-os também<br />

por um dos aspectos pelos quais se manifesta a questão <strong>da</strong> escassez de<br />

mão-de-obra: o estímulo à per<strong>da</strong> do “hábito do trabalho” pelo incitamento<br />

à participação nas lutas políticas e ao faccionalismo.<br />

Censura, que ganha novos contornos com uma assertiva do Relatório<br />

de 1844, já mencionado, ao referir-se ao fato de nenhuma empresa<br />

surgir para organizar a navegação a vapor aumentando a estagnação do<br />

comércio e <strong>da</strong> produção agrícola:<br />

Talvez seja isto devido a três causas reuni<strong>da</strong>s, que constantemente<br />

conspiram para se malograrem entre nós to<strong>da</strong>s as<br />

empresas, falta de capitais, de segurança e de espírito de associação.<br />

(Moura Magalhães, 1844: 16) (g.n.)<br />

Acrescentando-se às demais “faltas” arrola<strong>da</strong>s aquelas relativas à “segurança”<br />

e ao “espírito de associação” a versão dos administradores oficiais<br />

reforça a imagem dos divisionismos que segmentavam as classes dirigentes<br />

e a vi<strong>da</strong> social na província.<br />

desde 1839 até 1840, memória histórica e documenta<strong>da</strong>. São Luiz. Tip. Progresso, 1858,e<br />

Ode ao Pacificador do Maranhão o ilm. snr. Cel. Luiz Alves de Lima. Maranhão:<br />

Typ.Ferreira, 13 p, 1841.<br />

20. Vide Amaral, José Ribeiro do. Apontamentos para a História <strong>da</strong> Revolução <strong>da</strong><br />

Balaia<strong>da</strong> na Província do Maranhão. Terceira e última parte <strong>–</strong> 1840/1841. Maranhão?<br />

Tip. Teixeira, pp. 63-64, 1906.<br />

A ideologia <strong>da</strong> decadência · 77

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