A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...
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Neste mesmo período, em que se cristaliza uma descrença nas<br />
possibili<strong>da</strong>des de pela emigração se suprir a chama<strong>da</strong> “falta de braços”, é<br />
que começam a se esboçar soluções análogas. Por paradoxal que possa<br />
parecer estas soluções outras apontam invariavelmente para os denominados<br />
“colonos brasileiros”, ou seja, para trabalhadores rurais <strong>da</strong> própria<br />
região.<br />
A primeira vez que ocorre uma referência e tais “colonos brasileiros”<br />
é no Relatório de 18 de maio de 1870, na subdivisão intitula<strong>da</strong><br />
“Emigração e Colonização”. Mencionando a Colônia Agrícola de Santa<br />
Izabel, como a única que logrou algum êxito, o texto assinala a solução<br />
aponta<strong>da</strong> pelo empresário para cobrir as lacunas deixa<strong>da</strong>s pelos “colonos<br />
estrangeiros” que rescindiram os seus contratos ou se evadiram:<br />
O empresário, segundo me consta, esforça-se pelo bem estar<br />
dos colonos promovendo entre eles a mais perfeita harmonia e<br />
cumprindo fielmente as condições dos respectivos contratos.<br />
Além d’isso vai continuando a fazer a aquisição de colonos<br />
brasileiros, que segundo declara, são trabalhadores, obedientes,<br />
morigerados e dóceis. (Silva Maya, 1870: 40) (g.n.)<br />
Assim, pela primeira vez nos textos são descobertos “colonos brasileiros”.<br />
Até então to<strong>da</strong>s as proposições convergiam tão só para os<br />
“europeus” e “estrangeiros”, cujas quali<strong>da</strong>des eram exalta<strong>da</strong>s em detrimento<br />
dos escravos e dos pequenos produtores agrícolas, acusados de<br />
se utilizarem de técnicas de cultivo rudimentares e entravarem o desenvolvimento<br />
<strong>da</strong> agricultura.<br />
Não há qualquer explicação mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> de porque esta<br />
solução não foi pensa<strong>da</strong> anteriormente ou de como apareceram estes<br />
“colonos brasileiros” disponíveis e submissos ao regime de trabalho <strong>da</strong>s<br />
fazen<strong>da</strong>s e colônias. O único indício, que se pode depreender, baseia-se<br />
na representação dos intérpretes oficiais acerca de uma suposta ociosi<strong>da</strong>de<br />
dos indivíduos nos sertões <strong>da</strong> província. Consoante os <strong>da</strong>dos<br />
censitários do recenseamento de 1872 a população <strong>da</strong> Província do<br />
Maranhão correspondia a 359.040 habitantes sendo 103.513 brancos,<br />
76.892 pretos e 178.635 pardos. A classificação por cor revelaria o contingente<br />
de força de trabalho.<br />
E é por aí que eles parecem recorrer, recolocando a questão e concentrando<br />
as medi<strong>da</strong>s de provimento no combate à uma pretensa<br />
128 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>