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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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Os ofícios e relatórios de treze províncias (Bahia, Paraíba, Espírito<br />

Santo, Alagoas, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte,<br />

Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Piauí e Amazonas) que<br />

atenderam à circular utilizam-se, em suas linhas essenciais, do mesmo<br />

enfoque registrado na documentação relativa à Província do Maranhão.<br />

O Extrato <strong>da</strong>s informações presta<strong>da</strong>s pelas Presidências de Províncias<br />

cita<strong>da</strong>s ao apresentar o que chama de “causas do entorpecimento<br />

<strong>da</strong> lavoura” enumera, pela ordem, as seguintes: falta de conhecimentos<br />

profissionais, escassez de capitais, carência de braços, falta de estra<strong>da</strong>s. 25<br />

o problema <strong>da</strong> escassez<br />

de braços<br />

Na documentação oficial examina<strong>da</strong> estas ausências e medi<strong>da</strong>s supridoras,<br />

que expressam a decadência <strong>da</strong> lavoura, são dispostas segundo<br />

uma hierarquia. Os formuladores se detém, com maior desvelo, no<br />

exame de uma em detrimento <strong>da</strong>s demais, reportando-se com maior<br />

insistência a determina<strong>da</strong>s proposições que lhe dizem respeito. O problema<br />

<strong>da</strong> “falta de braços” tem principalmente, aparecendo como uma<br />

questão de relevância máxima nas diversas interpretações. É onde se<br />

concentra o escopo dos analistas ao perscrutarem as manifestações, que<br />

exprimem a cita<strong>da</strong> decadência.<br />

O problema <strong>da</strong> “falta de braços” é tratado em termos <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de<br />

e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de dos produtores. 26 Tanto se fala nas evasões, nas<br />

taxas de mortali<strong>da</strong>de e na exportação de escravos para as “províncias do<br />

25. Para maiores esclarecimentos consulte-se: Informações sobre o Estado <strong>da</strong> Lavoura.<br />

Rio de Janeiro: Tip. Nacional, pp. iv-xxii, 1874.<br />

O ofício correspondente à Província do Maranhão, assinado pelos Presidentes José<br />

Francisco de Viveiros e <strong>da</strong>tado de 21 de setembro de 1874, vazado nos mesmos termos,<br />

saiu no volume seguinte intitulado Additamento às informações sobre o Estado <strong>da</strong><br />

Lavoura. Rio de Janeiro: Tip. Nacional, pp. 15-18, 1874.<br />

26. A despeito dos documentos oficiais enfatizarem a “vadiagem <strong>da</strong> população” tem-se<br />

uma severa crítica dos chamados lavradores esboça<strong>da</strong>, em 1856, por Fábio A. de<br />

Carvalho Reis no seu Breves Considerações sobre a nossa lavoura, colocando o problema<br />

<strong>da</strong> “falta de inteligência na direção do trabalho” em virtude de práticas agrícolas itinerantes<br />

e de uma relação pre<strong>da</strong>tória com os recursos naturais, que não objetivam a consoli<strong>da</strong>ção<br />

<strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s.<br />

“Assim é que o nosso lavrador nunca chega a possuir uma ver<strong>da</strong>deira proprie<strong>da</strong>de<br />

rústica que se possa transmitir as gerações futuras, e calcula a sua riqueza só pelo número<br />

82 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>

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