A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...
A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...
A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
No entender dos intérpretes oficiais completa-se assim um quadro<br />
geral de declínio <strong>da</strong> província. A categoria decadência <strong>da</strong> lavoura<br />
sintetiza o resultado lógico <strong>da</strong>s “causas” inventaria<strong>da</strong>s, exprimindo a derroca<strong>da</strong><br />
não só <strong>da</strong> agricultura <strong>da</strong> província, mas desta em sua totali<strong>da</strong>de.<br />
Semelhantes “causas”, em seu conjunto, apontam para circunstâncias<br />
em que a agricultura e a economia provincial sofrem per<strong>da</strong>s<br />
sucessivas. Isto é situações que as tornam desprovi<strong>da</strong>s de mão-de-obra<br />
e de recursos capazes de assegurar sua reprodução ou de manter a produção<br />
permanente.<br />
Através do delineamentos destas deficiências, é que as “causas”<br />
vão sendo dispostas nos textos como que abrindo lugar para que seja<br />
pensa<strong>da</strong> a própria decadência, que é vista como seu efeito necessário.<br />
o sentido intríseco <strong>da</strong><br />
decadência <strong>da</strong> lavoura<br />
Uma etapa seguinte, no padrão de explicação estu<strong>da</strong>do e consoante as<br />
premissas de análise previamente defini<strong>da</strong>s, seria a apresentação do sentido<br />
intrínseco <strong>da</strong> denomina<strong>da</strong> decadência <strong>da</strong> lavoura.<br />
Para os responsáveis pelas formulações a decadência parece gozar<br />
de uma obvie<strong>da</strong>de e consensuali<strong>da</strong>de tais, que se torna desprezível aprofun<strong>da</strong>r<br />
o seu sentido particular.<br />
Ninguém há que desconheça o estado decadente de nossa agricultura<br />
e comércio... (Moura Magalhães, 1844: 15)<br />
Não vos farei longa pintura <strong>da</strong> triste situação do presente, porque<br />
testemunhas, e vítimas do mal geral, sabeis perfeitamente<br />
apreciar to<strong>da</strong> a sua gravi<strong>da</strong>de: (...) a triste passagem <strong>da</strong> prosperi<strong>da</strong>de<br />
e abastança para a decadência e a miséria. (Franco<br />
de Sá, 1847: 57) (g.n.) 21<br />
Trata-se de uma autoevidência que, como afirma Franco de Sá, é compreendi<strong>da</strong><br />
por todos em seus aspectos mais elementares dispensando<br />
21. Vide Relatório que dirigiu à Assembléia Legislativa Provincial do Maranhão o<br />
Presidente <strong>da</strong> Província Joaquim Franco de Sá, na sessão aberta em 3 de maio de 1847.<br />
Maranhão: Typ. Maranhense, 1847.<br />
78 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>