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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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nos eventos que assinalam a conquista do território e que recompõem<br />

a ação do Estado.<br />

O reconhecimento de sua autori<strong>da</strong>de torna-se inconteste para<br />

os produtores intelectuais voltados para as reconstituições históricas, e<br />

se estende até o presente. 13<br />

os objectos agriculticos<br />

Gaioso na parte intitula<strong>da</strong> “Discurso Preliminar” considera seu trabalho<br />

como abor<strong>da</strong>ndo um problema original, que não foi objeto de estudo<br />

nem de Berredo nem de outros que porventura o tenham antecedido.<br />

Enfatiza isto ao afirmar que Berredo não desenvolve reflexões acerca do<br />

que ele chama de objectos agriculticos <strong>da</strong> capitania (Gaioso, 1818: xxv). E<br />

nem poderia fazê-lo, segundo a interpretação de Gaioso, pois ao tempo<br />

em que Berredo produziu os seus Anais para ele ain<strong>da</strong> não havia sido<br />

“cria<strong>da</strong>” a lavoura no Maranhão. Esta enquanto coisa cria<strong>da</strong> torna-se passível<br />

de ter seus princípios bem fixados devido ao fato de não prescindir<br />

que se nomeie e <strong>da</strong>te aquele que lhe deu existência. Assim, na própria<br />

folha de rosto do livro de Gaioso encontra-se estampa<strong>da</strong> uma assertiva<br />

que bem aclara o corte temporal que o autor pretende estabelecer: “...<br />

Rey de Portugal, Dom José Primeiro, ver<strong>da</strong>deiro creador <strong>da</strong> lavoura,e do<br />

commercio desta capitania” (Gaioso, 1818) (g.n.).<br />

Com esta clivagem, que envolve o criador e a criatura, Gaioso isola<br />

o autor-fonte <strong>da</strong> própria história <strong>da</strong> lavoura no Maranhão. Remete-o<br />

a um período que implicitamente classifica como pré-histórico, desautorizando-o<br />

no que tange à análise dos objectos agriculticos, que é<br />

justamente o terreno em que sua interpretação pretende se desenvolver.<br />

Instituindo um domínio próprio de reflexão, que concerne em<br />

termos genéricos a estes referidos objetos agriculticos Gaioso delimita<br />

13. A contestação mais veemente feita a Berredo trata-se <strong>da</strong> “Introdução aos Anais” elabora<strong>da</strong><br />

por Antonio Gonçalves Dias em 5 de dezembro de 1848 e que foi anexa<strong>da</strong> à segun<strong>da</strong><br />

edição dos mesmos Anais, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 1849. G. Dias afirmava o seguinte: “Berredo não<br />

escrevia a História do Maranhão, escrevia uma página <strong>da</strong>s conquistas de Portugal <strong>–</strong> <strong>da</strong>í<br />

seu principal defeito” (p. v). Prosseguia nos reparos: Berredo, não é um ver<strong>da</strong>deiro<br />

historiador, é um simples cronista, não explica, expõe os fatos, enumera-os, classifica-os<br />

pelas <strong>da</strong>tas e julga que na<strong>da</strong> mais lhe resta a fazer. (p.vi) (g.n.)<br />

Tais reparos e recusas não parecem ter sido endossa<strong>da</strong>s pelo demais produtores<br />

intelectuais, que prosseguem na exaltação do autor-fonte.<br />

40 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>

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