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A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...

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do e descrevendo, o que faz com que usufrua de uma atuali<strong>da</strong>de de caráter<br />

perene, que permeia os diversos pronunciamentos do governo<br />

provincial em diferentes déca<strong>da</strong>s, percebe-se que assinalam as “causas”<br />

como acontecimentos de momentos sempre imediatamente anteriores.<br />

As interpretações empenham-se no exame <strong>da</strong>s menciona<strong>da</strong>s “causas”<br />

que estão referi<strong>da</strong>s a eventos ocorridos entre os fins <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

1810-20 e os anos 30. A abrangência destes acontecimentos é de ordem<br />

vária reforçando a idéia de que a vi<strong>da</strong> social e política <strong>da</strong> província passa<br />

pela questão <strong>da</strong> lavoura ou melhor <strong>da</strong> explicação de sua ascensão e<br />

declínio. É por este recurso que se constróem as definições <strong>da</strong> situação<br />

atual <strong>da</strong> província e de seus desdobramentos aventados. Fixa-se o ponto<br />

no<strong>da</strong>l <strong>da</strong>s oscilações periódicas, que tanto pode ser encontrado no domínio<br />

<strong>da</strong> economia, flutuação dos preços dos produtos principais (algodão<br />

e arroz), quanto na política, eclosão de movimentos sociais e conflitos.<br />

A burocracia provincial ampara suas interpretações e análises<br />

num sistema de relações de causali<strong>da</strong>de simples. Arrola fatos que, segundo<br />

ela, fazem com que a decadência exista. Tratam-na como um efeito<br />

ou como um acontecimento ocasionado, um resultado necessário, invariavelmente<br />

obtido.<br />

A menção ao atraso, neste contexto, cumpre o papel de designar<br />

a intermediação temporal entre a prosperi<strong>da</strong>de que se esvai e a decadência<br />

que se insinua através de um de seus elementos, o espectro <strong>da</strong> ruína:<br />

A revolta de 1832 abalou e, finalmente, a de 1839 veio arruinar<br />

completamente a agricultura e o comércio.<br />

Não param aqui as causas do atraso e do marasmo que se<br />

observa em ambos. (Ibid: 76) (g.n.)<br />

Tais eventos vão ser articulados compondo uma <strong>da</strong>s mais completas e<br />

exaustivas análises <strong>da</strong> situação <strong>da</strong> agricultura na província e <strong>da</strong> própria<br />

província que é o Relatório de 1856 anteriormente citado. Ali pode-se ler<br />

que a súbita baixa do preço do algodão no mercado internacional em<br />

1820 <strong>–</strong> atinge neste ano a 4.000 réis, quando em 1815 seu preço era de<br />

12.000 réis <strong>–</strong> 13 e os movimentos populares de 1832 e 1839, a chama<strong>da</strong><br />

13. Apesar de os anos de 1819 e 1820 serem considerados “estéreis” e anunciadores <strong>da</strong><br />

decadência iminente registra-se o mais expressivo movimento de entra<strong>da</strong> de escravos<br />

no Maranhão através do porto. Goulart (1975:269) apresenta os seguintes <strong>da</strong>dos relativos<br />

à “escravaria chega<strong>da</strong> dos portos de Angola” ao Maranhão:<br />

74 · alfredo wagner b. de almei<strong>da</strong>

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