A Ideologia da Decadência – Leitura antropo - Nova Cartografia ...
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qua<strong>da</strong>s para o escoamento <strong>da</strong> produção; pela “falta de capitais”, ou seja,<br />
recursos para assegurar a manutenção e desenvolvimento <strong>da</strong> agricultura;<br />
pela “falta de créditos” e pela “falta de braços”, isto é, um potencial de<br />
mão-de-obra proporcional aos recursos naturais disponíveis no entender<br />
dos administradores. Neste caso, as ausências é que conferem<br />
sentido à decadência. Ela é li<strong>da</strong> pelo que carece de possuir.<br />
Na outra situação, pela descrição <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s a serem adota<strong>da</strong>s<br />
na agricultura é que é <strong>da</strong>do ao leitor pensar o sentido de decadência.Ela<br />
é apresenta<strong>da</strong> através <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s preconiza<strong>da</strong>s para soerguer a agricultura<br />
e possibilitar à província o atingimento de um período de<br />
prosperi<strong>da</strong>de. Tais medi<strong>da</strong>s apontam, em razão direta, para o preenchimento<br />
<strong>da</strong>s lacunas <strong>da</strong> situação anteriormente relata<strong>da</strong>. Referem-se a:<br />
fun<strong>da</strong>ção de escolas agrícolas, construção de “colonos livre” e levantamento<br />
de recursos materiais. A prosperi<strong>da</strong>de a ser alcança<strong>da</strong> está<br />
coloca<strong>da</strong> em função direta do preenchimento <strong>da</strong>s “faltas” pressenti<strong>da</strong>s<br />
que, por sua vez, cumprem nomear o que está sendo entendido como<br />
decadência.<br />
Instaura-se um domínio específico em que é disposta a categoria<br />
de percepção de um certo universo provincial fixado nos inúmeros<br />
Relatórios, Discursos e Fallas. A relação entre as ausências e as medi<strong>da</strong>s<br />
supridoras é que configura este domínio próprio em que a decadência<br />
é explicita<strong>da</strong> nos diferentes documentos oficiais compulsados.<br />
É possível generalizar e estender estas considerações ao conjunto<br />
de documentos produzidos pelas burocracias provinciais e pelos próprios<br />
ministérios imperiais, que se preocuparam com a situação <strong>da</strong><br />
agricultura. Não se restringem, pois, à Província do Maranhão, ain<strong>da</strong> que<br />
seus materiais particulares é que tenham propiciado o fulcro do trabalho<br />
de pesquisa. Talvez, seja o caso de se relativizar a singulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
massa documental analisa<strong>da</strong> e de se tomar a Província do Maranhão<br />
através de seus Relatórios como um pretexto para discutir a vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />
reconstituições históricas apoia<strong>da</strong>s em semelhantes materiais.<br />
O governo imperial pelos Ministérios <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>, <strong>da</strong> Justiça e<br />
<strong>da</strong> Agricultura, Comércio e Obras Públicas expediu circulares, no fim<br />
de 1873, às Presidências <strong>da</strong>s Províncias para que realizassem o que se<br />
denominou “inquérito sobre o estado <strong>da</strong> grande e pequena lavoura”.<br />
Elas orientavam os administradores e às Câmaras Municipais no sentido<br />
de estu<strong>da</strong>rem “as causas de sua prosperi<strong>da</strong>de ou decadência” (g.n.) em<br />
ca<strong>da</strong> Província.<br />
A ideologia <strong>da</strong> decadência · 81