Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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No capítulo sob tela, Hamilton é apresentado como um hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> 26 anos,<br />
casado e s<strong>em</strong> filhos. Assim, a narrativa se dá sobre um hom<strong>em</strong> rico e branco que, por<br />
outro lado, está, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da escravidão, separado <strong>de</strong> sua mulher. Além disso, a<br />
profissão <strong>de</strong> negociar escravos não foi por ele escolhida, mas herdada do pai, já<br />
falecido, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ele s<strong>em</strong>pre procura notícias <strong>em</strong> suas viagens. Desta forma, um<br />
primeiro aspecto que se po<strong>de</strong> notar, abraçando a perspectiva do autor acerca da narrativa<br />
não-vitimizada, é que a escravidão também <strong>de</strong>strói as conexões familiares dos brancos e<br />
não apenas dos negros. O fato <strong>de</strong> o imperialismo <strong>de</strong>struir famílias é um tanto óbvio.<br />
Porém, perceber que o branco envolvido no processo <strong>de</strong> escravidão também teve seus<br />
entes roubados <strong>de</strong>monstra uma visão imparcial, não engajada e, portanto, equilibrada e<br />
confiável do processo <strong>de</strong> colonização.<br />
De maneira muito inteligente, o autor nos mostra os dois lados e, neste capítulo<br />
especificamente, conta a história por meio dos olhos do colonizador. Mas, qu<strong>em</strong> é este<br />
colonizador? É um hom<strong>em</strong> branco, europeu, essencialmente mau, <strong>de</strong>dicando-se à<br />
comercialização <strong>de</strong> carne humana? Ao ler seu diário <strong>de</strong> bordo, po<strong>de</strong>r-se -ia concluir que<br />
sim. Contudo, há as cartas que ele escreve a sua esposa que o espera na Inglaterra e<br />
estas mostram um outro lado do capitão.<br />
Vê-se, assim, que mesmo os colonizadores sofreram conseqüências do<br />
imperialismo e que, <strong>de</strong> certa forma, também foram envolvidos neste sist<strong>em</strong>a. Era<br />
cobrada <strong>de</strong> Hamilton uma <strong>de</strong>terminada postura: fria, puramente racional, objetivando<br />
lucro e assim por diante. No entanto, as cartas <strong>de</strong> amor ‘<strong>de</strong>nunciam’ um outro Hamilton,<br />
doce e amoroso. Ele sentia sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua amada, aparent<strong>em</strong>ente não gostava do que<br />
fazia e ansiava pelo seu retorno:<br />
Estes são, na verda<strong>de</strong>, pequenas preocupações (os previamente<br />
mencionados na carta) quando comparados com meu amor por<br />
você, para qu<strong>em</strong> eu <strong>de</strong>claro, <strong>de</strong> fato, que n<strong>em</strong> uma hora da<br />
minha vida passada me v<strong>em</strong> à mente com prazer, esperando o<br />
precioso e valioso t<strong>em</strong>po que tenho passado <strong>em</strong> sua companhia,<br />
e por isso penso nas incontáveis dores e tristezas da minha<br />
infeliz vida anterior (...) Minha afeição por você vai além <strong>de</strong><br />
quaisquer palavras que eu possa encontrar ou usar (...).<br />
[These are, in<strong>de</strong>ed, pretty concerns (os previamente<br />
mencionados no início da carta) when set against my love for<br />
you, for I can <strong>de</strong>clare, with honour, that barely an hour of my<br />
past life comes to mind with any pleasure, expecting valuable<br />
and precious time I have passed in your company, and for that I<br />
think the innumerable miseries and pains of my previous<br />
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