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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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vida como uma mulher livre, <strong>em</strong>bora <strong>de</strong> maneira menos<br />

tangível.<br />

[In spite of official manumission, the legacy of slavery has<br />

forever tained human relations by preventing men from meeting<br />

on equal ground. This explains why she is mo<strong>de</strong>rately happy<br />

(…). In<strong>de</strong>ed, the impotence she acutely felt as a slave when she<br />

was separated from her family still affects her life as so-called<br />

free woman, although in a less tangible way (LEDENT, 2002,<br />

p. 129)].<br />

Deste modo, <strong>em</strong>bora estivesse o t<strong>em</strong>po todo resistindo, ela carregava uma<br />

marca eterna e in<strong>de</strong>lével (até fisicamente) do que havia sofrido. “Ela olhava para a<br />

palma <strong>de</strong> suas mãos on<strong>de</strong> a pele mais escura tinha <strong>de</strong>rramado sangue por cima da pele<br />

mais clara e pensava se a liberda<strong>de</strong> era mais importante que o amor e até se o amor era<br />

<strong>de</strong> alguma forma possível s<strong>em</strong> que alguém o tirasse <strong>de</strong>la” [She looked at the palms of<br />

her hands where the darker skin had now bled into the lighter, and she won<strong>de</strong>red if<br />

freedom was more important than love, and in<strong>de</strong>ed if love was at all possible without<br />

somebody taking it from her (PHILLIPS, 1994, p. 86, grifos nossos)].<br />

Vê-se que a fuga atingiu sua relação amo vs. escravo, mas as conseqüências<br />

seriam duradouras. Martha ficou no meio do caminho, tentando escapar, mas ainda<br />

como vítima. Ela não era ainda sujeito mas, <strong>de</strong> certa forma, também não era mais o<br />

‘outro’. Por fim, morreu s<strong>em</strong> família (“Ainda não havia notícias <strong>de</strong> Lucas” [There was<br />

still no news of Lucas (PHILLIPS, 1994, p. 94)]), mas, pior que isso, s<strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

(“E a mulher queria saber qu<strong>em</strong> ou o quê esta mulher era. Eles teriam <strong>de</strong> escolher um<br />

nome para ela se ela fosse receber um funeral cristão” [And the woman won<strong>de</strong>red who<br />

or what this woman was. They would have to choose a name for her if she was going to<br />

receive a Christian burial (PHILLIPS, 1994, p. 94, grifos nossos)]). Ironicamente, seu<br />

próprio nome lhe foi substituído.<br />

3.3.3 Resistência, Subjetivida<strong>de</strong> e I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Martha<br />

Embora Martha sofresse uma forte opressão, ela lutava para resistir às táticas<br />

<strong>de</strong> seu amo e colonizador para manter seu controle. Tal resistência a levaria ao status <strong>de</strong><br />

sujeito, pois este é o meio pelo qual se subverte o colonialismo.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que ela não podia expressar seu <strong>de</strong>scontentamento claramente, com<br />

palavras, senão po<strong>de</strong>ria ser punida ou até mesmo morta. Entretanto, há algumas ações e<br />

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