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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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dos nativos, justamente o que ocorreu na expansão ultramarina. Nash adquire, então,<br />

uma proprieda<strong>de</strong> e começa a plantar e a ter <strong>em</strong>pregados. Ele se comporta como Edward,<br />

tanto na sua relação com seus subordinados – <strong>de</strong> opressão e cobrança, tornando-se<br />

também um amo –, quanto a respeito dos rendimentos e perspectivas financeiras,<br />

repetindo os padrões americanos <strong>de</strong> interesse pelo comércio e pelo acúmulo <strong>de</strong> riquezas:<br />

(…) eu plantei café, algodão, batata (…) e muito mais tipos <strong>de</strong><br />

plantas que esta África proporciona. A experiência me fez<br />

enten<strong>de</strong>r que esta terra é extr<strong>em</strong>amente rica (...) se a s<strong>em</strong>ente for<br />

plantada a<strong>de</strong>quadamente, e cuidada (...). Com uma indústria<br />

comum, um hom<strong>em</strong> po<strong>de</strong> levantar mais do que tudo que<br />

consiga usar, e ter muito para ven<strong>de</strong>r para fora. Espero que <strong>em</strong><br />

breve eu esteja numa situação próspera (...).<br />

[(...) I have planted coffee trees, and cotton, and potatos (...) and<br />

much more kinds of plants such as this Africa affords. I have<br />

been led to un<strong>de</strong>rstand that this land is exceedingly rich (…) if<br />

the seed is properly planted, and taken care (…). With common<br />

industry a man can raise more of everything he can use, and<br />

have much to sell besi<strong>de</strong>s. I soon hope to be in the prosperous<br />

situation (...) (PHILLIPS, 1993, p. 24, grifos nossos)].<br />

V<strong>em</strong>os, na carta <strong>de</strong> Nash, s<strong>em</strong>elhança com a carta <strong>de</strong> Caminha, que também<br />

elogiava a terra e via nela uma fonte <strong>de</strong> renda e exploração. Não era exatamente a<br />

riqueza do local que admirava, mas o potencial que ele oferecia: mais produção, mais<br />

comercialização, mais lucro.<br />

Além disso, outros trechos mostram que Nash usa <strong>de</strong> ferramentas e insumos<br />

importados, pe<strong>de</strong> por s<strong>em</strong>entes, impl<strong>em</strong>entos e outros produtos <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> americana e<br />

até a maneira <strong>de</strong> cultivar é repetida a partir do mo<strong>de</strong>lo capitalista que copia.<br />

Mesmo diante <strong>de</strong> inúmeras injustiças com suas origens e seu povo, ou seja, o<br />

africano, Nash continua a chamar a América <strong>de</strong> ‘seu’ país. Apesar <strong>de</strong> ter nascido nos<br />

Estados Unidos, era excluído e acabava por não pertencer à África (suas origens) ou à<br />

América (on<strong>de</strong> havia nascido). Estava, assim, s<strong>em</strong> raízes <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da exclusão que<br />

sofria on<strong>de</strong> vivia e do não-pertencimento à África.<br />

Ainda assim, apesar <strong>de</strong> os Estados Unidos apresentar<strong>em</strong>-lhe uma socieda<strong>de</strong> não<br />

<strong>de</strong>mocrata, classista e racista, com uma gran<strong>de</strong> parte da população na miséria, ao<br />

compará-lo com a África ele s<strong>em</strong>pre vê a superiorida<strong>de</strong> do primeiro <strong>em</strong> todos os<br />

aspectos. Diante <strong>de</strong>le, na Libéria, está o sofrimento que a colonização causou, a<br />

<strong>de</strong>vastação das pessoas e da terra. Além disso, ele também foi explorado nos Estados<br />

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