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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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4. Conclusões<br />

Este trabalho teve como linha diretora a verificação da resistência e<br />

conseqüente subjetivida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das personagens negras do romance Crossing<br />

the River, <strong>de</strong> Caryl Phillips. Primeiramente, o estatuto da literatura negra britânica foi<br />

pesquisado e verificou-se que ela trata as relações humanas por uma perspectiva<br />

diferente daquela pregada como verda<strong>de</strong>ira pela Europa. A narrativa universal <strong>de</strong> que os<br />

países colonizadores têm uma cultura mais ‘evoluída’ é posta <strong>em</strong> discussão e à prova.<br />

Além disso, os romances <strong>de</strong> autores negros mostram o lugar tomado como<br />

centro pelos olhos do colonizado que <strong>de</strong>nuncia as r<strong>em</strong>iniscências do passado imperial e<br />

também influencia a cultura metropolitana. Isso leva o leitor a perceber a hipocrisia da<br />

socieda<strong>de</strong> que se diz <strong>de</strong>mocrática e multicultural, mostrando as conseqüências<br />

cont<strong>em</strong>porâneas da escravidão pelo preconceito.<br />

No caso da obra <strong>de</strong> Phillips, ele usa diversas personagens – normalmente um<br />

tríptico – como ocorre <strong>em</strong> Crossing the River, para metaforizar as várias vozes do<br />

‘outro’ <strong>em</strong> diferentes t<strong>em</strong>pos e espaços. Isto também mostra as formas complexas <strong>de</strong><br />

subjetivida<strong>de</strong>, ou o sujeito fragmentado, e o uso <strong>de</strong> analepses e prolepses v<strong>em</strong> a ser<br />

metonímia das lacunas e <strong>de</strong>slocamentos na história dos negros, s<strong>em</strong>pre escritas por<br />

brancos.<br />

Antes <strong>de</strong> analisar o romance <strong>em</strong> si, uma pesquisa sobre a resistência violenta e<br />

discursiva, b<strong>em</strong> como sobre a subjetivida<strong>de</strong> e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> no que tang<strong>em</strong> a raça, a<br />

classe e o gênero foi realizada.<br />

Quanto aos tipos <strong>de</strong> resistência discursiva, há a mímica e a paródia, a cortesia<br />

dissimulada e, no campo literário, a releitura e a reescrita <strong>de</strong> obras. A mímica trata da<br />

imitação do ‘Outro’ que nunca é perfeita e acaba por se tornar uma paródia na medida<br />

<strong>em</strong> que as brechas do comportamento ex<strong>em</strong>plar são exploradas. A cortesia dissimulada<br />

é uma <strong>de</strong>fesa consciente por parte do colonizado que finge estar submisso para<br />

sutilmente minar a dominação. Já no âmbito literário, o pós-colonialismo retoma obras<br />

canônicas e explora seus silêncios e lacunas.<br />

Quanto ao sujeito, este é produto da construção por meio do discurso que po<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>sta forma, ser <strong>de</strong>sconstruído. Assim, julgamentos <strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong> e inferiorida<strong>de</strong><br />

entre diferentes povos são discutíeis e conceitos consi<strong>de</strong>rados inquestionáveis são<br />

rechaçados. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, por sua vez, especialmente no caso do negro, foco <strong>de</strong>ste<br />

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