Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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inferiores. Deste modo, a distinção entre ‘civilizados’ e ‘primitivos’ foi um conceito<br />
prontamente adotado pelos europeus.<br />
O colonialismo foi o meio através do qual o capitalismo atingiu<br />
sua expansão global. O racismo simplesmente facilitou este<br />
processo, e foi o condutor através do qual o trabalho dos<br />
colonizados foi apropriado. (...) I<strong>de</strong>ologias racistas<br />
i<strong>de</strong>ntificaram diferentes seções <strong>de</strong> pessoas intrinsecamente ou<br />
biologicamente a<strong>de</strong>quadas para <strong>de</strong>terminadas tarefas.<br />
[Colonialism was the means through which capitalism achieved<br />
its global expansion. Racism simply facilitated this process,<br />
and was the conduit through which the labor of colonized<br />
people was appropriated. (…) Racist i<strong>de</strong>ologies i<strong>de</strong>ntified<br />
different sections of people intrinsically or biologically suited<br />
for particular tasks (Loomba, 1998, p. 125)].<br />
Para tal distinção, a cor tornou-se o meio mais usado na i<strong>de</strong>ntificação das<br />
pessoas e <strong>de</strong> seu comportamento previsto segundo a classificação <strong>de</strong> seus grupos. Desta<br />
forma, Cuvier postulou a existência <strong>de</strong> três raças: branca, amarela e negra. Embora ela<br />
não pu<strong>de</strong>sse abarcar todas as pessoas e fosse bastante vaga, a divisão foi amplamente<br />
aceita e até hoje o é. Atualmente, categorias mais elaboradas – caucasói<strong>de</strong>, mongolói<strong>de</strong><br />
e negrói<strong>de</strong> – foram estabelecidas, mas a i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> que uma é inferior à outra<br />
permanece.<br />
Baseados no livro A Orig<strong>em</strong> das Espécies <strong>de</strong> 1859, <strong>de</strong> Charles Darwin, seus<br />
discípulos e intérpretes afirmaram que, com a intervenção humana para a alteração das<br />
espécies, po<strong>de</strong>r-se-ia chegar a uma raça pura. O Darwinismo Social expressa este<br />
pensamento <strong>de</strong> oferecer o ‘<strong>de</strong>senvolvimento’ racial, ou seja, a eugenia, o que contribuía<br />
com o pensamento <strong>de</strong> raças hierarquizadas e, consequent<strong>em</strong>ente, com o imperialismo da<br />
Europa, que, a este t<strong>em</strong>po, necessitando <strong>de</strong> trabalhadores para suas indústrias,<br />
justificava a escravidão ou a mão-<strong>de</strong>-obra barata com base neste preceito.<br />
O fato mais relevante a respeito da discussão sobre o conceito <strong>de</strong> raça <strong>de</strong>u-se já<br />
no século XX com os estudos <strong>de</strong> Fanon. Ele pôs <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque a força psicológica<br />
advinda da construção <strong>de</strong> grupos, já que fazia conexões diretas entre a aparência (cor) e<br />
o comportamento. Tal crença t<strong>em</strong> sido transmitida <strong>de</strong> geração para geração por meio do<br />
po<strong>de</strong>r do discurso.<br />
Os movimentos da Negritu<strong>de</strong>, do Rastafarianismo, entre outros, e estudos<br />
acadêmicos <strong>de</strong> Fanon, Gilroy, Dubois e outros insist<strong>em</strong> sobre a subjetivida<strong>de</strong> do negro e<br />
<strong>de</strong>nunciam o ‘esqu<strong>em</strong>a dérmico’. Por outro lado, a assimilação da i<strong>de</strong>ologia branca por<br />
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