Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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O fato <strong>de</strong> ter um hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> posse do po<strong>de</strong>r é tão forte que continuamos a<br />
acreditar (inclusive as mulheres) que eles são capazes <strong>de</strong> melhor conduzir o mundo. Nas<br />
palavras <strong>de</strong> Zolim (2003, p. 43);<br />
O fato é que o patriarcalismo tornou-se uma realida<strong>de</strong> tão b<strong>em</strong>sucedida,<br />
tão arraigada no inconsciente coletivo que, para<br />
muitos, para não dizer a maioria, é impossível pensar as<br />
relações humanas <strong>de</strong> modo que o macho não domine <strong>de</strong> direito<br />
e <strong>de</strong> fato.<br />
Além da crença <strong>de</strong> que o hom<strong>em</strong> é superior à mulher no mundo secular, o<br />
Cristianismo reforçou esta idéia. Não só por causa da bíblia, que afirma que toda mulher<br />
foi formada a partir do hom<strong>em</strong> e então não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como ser autônomo,<br />
mas como parte <strong>de</strong> Outro, mas da própria organização da instituição da Igreja. Da<br />
mesma forma, o Estado também está envolvido na manutenção do patriarcalismo.<br />
No entanto, essa relação é primeiramente construída entre os homens que criam<br />
uma solidarieda<strong>de</strong> e inter<strong>de</strong>pendência entre si. Isto fica claro quando levantamos a<br />
questão das diferentes classes e raças a que eles pertenc<strong>em</strong>, cujas particularida<strong>de</strong>s são<br />
postas <strong>de</strong> lado <strong>em</strong> nome da manutenção do po<strong>de</strong>r. Na verda<strong>de</strong>, homens mais abastados<br />
asseguram que os que estão abaixo <strong>de</strong>le ainda tenham controle sobre as mulheres que<br />
<strong>de</strong>les ‘<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m’.<br />
A base <strong>de</strong>sta dissociação <strong>de</strong> gênero está no sexismo. Sexismo é a<br />
discriminação contra pessoas baseadas no sexo, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado outras características.<br />
Falamos aqui do sexismo contra mulheres, variando entre a misoginia e sua <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za<br />
que coloca o sexo f<strong>em</strong>inino como ‘frágil’. Como resultado, os cargos ocupados por<br />
mulheres não ren<strong>de</strong>m r<strong>em</strong>uneração equivalente à masculina e não faz<strong>em</strong> parte da<br />
produção <strong>de</strong> recursos essenciais. Mas, acima <strong>de</strong> tudo, a tarefa dada às mulheres <strong>de</strong><br />
criação <strong>de</strong> filhos é que perpetua o sist<strong>em</strong>a estabelecido.<br />
Essa hierarquia baseada no gênero po<strong>de</strong> ser percebida na maior parte das<br />
socieda<strong>de</strong>s e indica como as pessoas produz<strong>em</strong> e se reproduz<strong>em</strong>. O mesmo acontece<br />
com hierarquias raciais ou <strong>de</strong> classes, que não são fundamentalmente i<strong>de</strong>ológicas, mas<br />
<strong>de</strong>nunciam um aspecto significativo da nação.<br />
Quando colocadas sobrepostas, as hierarquias mostram a posição que o sujeito<br />
ocupa e que diferentes graus <strong>de</strong> discriminação ele sofre. Uma mulher negra, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, é discriminada por ser mulher e por ser negra; quando é colonizada, um<br />
terceiro fator é contado.<br />
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