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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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Por isso diz<strong>em</strong>os que a mulher é duplamente colonizada por ambos o hom<strong>em</strong><br />

e o colonizador. Além disso, a experiência <strong>de</strong> submissão pela qual a mulher passa <strong>em</strong><br />

virtu<strong>de</strong> do patriarcalismo se ass<strong>em</strong>elha muito à do colonizado <strong>em</strong> relação ao<br />

colonizador. Entretanto, a ciência nunca provou uma diferença significativa entre o<br />

hom<strong>em</strong> e a mulher (assim como entre as raças) e não há razão histórica para essa<br />

divisão (como ocorre com os ju<strong>de</strong>us, por ex<strong>em</strong>plo), pois não exist<strong>em</strong> aspectos<br />

religiosos, políticos que envolvam preconceito e, além disso, as mulheres não<br />

constitu<strong>em</strong> uma minoria. Nas palavras <strong>de</strong> Beauvoir (in NICHOLSON, 1997, p. 15),<br />

elas são mulheres <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua anatomia e fisiologia.<br />

Durante a história elas s<strong>em</strong>pre foram subordinadas aos homens,<br />

e, então, sua <strong>de</strong>pendência não é resultado <strong>de</strong> um evento<br />

histórico ou mudança social – não foi algo que ocorreu.<br />

[They are women in virtue of their anatomy and physiology.<br />

Throughout history they have always been subordinated to<br />

men, and hence their <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncy is not the result of a historical<br />

event or a social change – it was not something that occurred].<br />

Contudo, muito provavelmente por não ter um passado, uma religião ou uma<br />

história <strong>em</strong> comum, e por ter<strong>em</strong> ocupado um espaço na socieda<strong>de</strong> que foi ‘<strong>de</strong>ixado’ para<br />

elas, as mulheres não se un<strong>em</strong> e não se assum<strong>em</strong> como grupo. Até mesmo o movimento<br />

do f<strong>em</strong>inismo não po<strong>de</strong> ser comparado ao po<strong>de</strong>r que a classe masculina representa.<br />

O patriarcalismo / sexismo é intimamente ligado ao colonialismo, pois a<br />

justificativa para a expansão imperial foi construída sobre o princípio <strong>de</strong> que a cultura<br />

européia era central e superior, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>scobertas científicas, da literatura,<br />

do comércio etc. Da mesma forma que se dá a relação entre colonizador e colonizado,<br />

ocorre também a relação entre gêneros, na qual um pólo é oposto ao outro, ao que se<br />

toma como certo. Normalmente, o primeiro da oposição binária é o sujeito e o segundo<br />

é o ‘outro’/ objeto construído a partir da ‘falta’ <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas características. Assim,<br />

patrircalismo e colonialismo cooperaram <strong>de</strong> forma que o privilégio não se <strong>de</strong>sse<br />

somente sobre mulheres, mas sobre instituições e Estados.<br />

É claro que estas relações se dão porque os pólos precisam um do outro, pois<br />

é a partir da comparação e da oposição que nos conhec<strong>em</strong>os. No entanto, ao atribuir<br />

valor a eles, o preconceito é produzido. Tal necessida<strong>de</strong> também se dá no plano<br />

econômico: o escravo e o amo, por ex<strong>em</strong>plo, são co-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para o progresso dos<br />

negócios. Da mesma forma,<br />

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