Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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Fanon foi suficient<strong>em</strong>ente realista <strong>em</strong> admitir a legitimida<strong>de</strong> e a<br />
necessida<strong>de</strong> histórica <strong>de</strong>sta fase na consciência do nativo. Mas<br />
ele igualmente alertou que ela <strong>de</strong>ve apenas constituir uma fase<br />
<strong>de</strong> transição, por adotar uma reafirmação cultural continental e<br />
um romanticismo nostálgico já que uma estância permanente<br />
iria contribuir para uma falsa consciência totalmente<br />
disfuncional na tarefa da libertação nacional.<br />
[Fanon was sufficiently realistic to admit the legitimacy and<br />
historical necessity of this phase in the consciousness of the<br />
native. But he equally cautioned that it must constitute only a<br />
transient phase, for to adopt continental cultural reaffirmation<br />
and nostalgic romanticism as a permanent stance would amount<br />
to a false consciousness totally dysfunctional in the task of<br />
national liberation (ASHCROFT, 1999, p. 159)].<br />
A última fase é a revolucionária e nacionalista quando há a exposição dos<br />
nativos à realida<strong>de</strong> da opressão colonialista, o que contribui para a <strong>de</strong>mocratização da<br />
expressão colonial.<br />
Este recurso para a ressurreição do passado é apenas um mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />
dos nativos para se livrar da cultura européia. Fanon estava, contudo, consciente das<br />
limitações <strong>de</strong>sta retrospectiva, dadas as condições materiais e sociais já alteradas na<br />
vida do colonizado.<br />
Desta forma, v<strong>em</strong>os que, para Fanon, a ação cultural não po<strong>de</strong> ser dissociada<br />
da luta pela libertação do sujeito. Tal ação implica reflexão e reação ao que é imposto.<br />
A inação do sujeito compromete sua liberda<strong>de</strong> e até, mais que isso, sua agência.<br />
Assim, <strong>em</strong> seu estudo sobre o sujeito, Fanon se r<strong>em</strong>ete a Descartes, com o<br />
<strong>de</strong>nominador comum <strong>de</strong> que a ação, o pensamento – reflexão sobre sua condição – é o<br />
que constrói o sujeito.<br />
2.3 I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
A resistência é o primeiro passo para a eliminação dos óbices no exercício da<br />
agência e autonomia do indivíduo. Ela caminha <strong>em</strong> busca da subjetivida<strong>de</strong> que t<strong>em</strong> a<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> como fim. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é o posicionamento distintivo e existencial do sujeito<br />
no que tange suas convicções. Neste estudo a abordar<strong>em</strong>os sob os aspectos referentes à<br />
raça, classe e gênero.<br />
Quanto ao processo <strong>de</strong> colonização, ele foi sentido <strong>de</strong> inúmeras formas pelos<br />
sujeitos colonizados e, conseqüent<strong>em</strong>ente, isso produziu i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s diferentes entre<br />
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