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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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Este <strong>de</strong>sejo pela formação <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> por parte do nativo é muito mais<br />

evi<strong>de</strong>nte na mulher colonizada, dada sua natureza <strong>de</strong> preservação da família.<br />

O colonialismo operou muito diferent<strong>em</strong>ente para a mulher e<br />

para o hom<strong>em</strong>, e a ‘dupla colonização’ que resultou do fato <strong>de</strong><br />

as mulheres estar<strong>em</strong> submetidas a ambas discriminação geral<br />

como sujeitos coloniais e à discriminação específica como<br />

mulheres precisa ser levada <strong>em</strong> conta <strong>em</strong> qualquer análise <strong>de</strong><br />

opressão colonial.<br />

[Colonialism operated very differently for women and for men,<br />

and the ‘double colonization’ that resulted when women were<br />

subject both to general discrimination as colonial subjects and<br />

specific discrimination as women needs to be taken into account<br />

in any analysis of colonial oppression (ASHCROFT, 1998, p.<br />

105)].<br />

Por isso, o comportamento típico da mulher colonizada – e não do sujeito<br />

colonial <strong>em</strong> geral – <strong>de</strong>ve ser analisado. A resistência silenciosa como a <strong>de</strong> Martha – e a<br />

formação <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s é uma característica f<strong>em</strong>inina que se <strong>de</strong>staca – refuta a idéia<br />

<strong>de</strong> que a mulher era totalmente subordinada e passiva ao invasor.<br />

Pela mesma razão, Martha também guardava m<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> seu marido e sua<br />

filha. Ela pensava sobre eles e sobre todo o sofrimento. É preciso ser dito que quando<br />

alimentava tais recordações, também se tornava mais resistente ao hom<strong>em</strong> branco. A<br />

seguinte passag<strong>em</strong> mostra isso muito claramente:<br />

Ela não possuía mais marido ou filha, mas a m<strong>em</strong>ória da perda<br />

<strong>de</strong>les era clara. Ela se l<strong>em</strong>brava da postura <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhosa do<br />

sobrinho do amo e da voz estrondosa do leiloeiro. Ela se<br />

l<strong>em</strong>brava das senhoras do sul <strong>em</strong> seus chapéus <strong>de</strong> algodão<br />

branco e seus vestidos <strong>de</strong> manga longa (...).<br />

[She no longer possessed either a husband or a daughter, but her<br />

m<strong>em</strong>ory of their loss was clear. She r<strong>em</strong><strong>em</strong>bered the disdainful<br />

posture of Master’s nephew, and the booming voice of the<br />

auctioneer. She r<strong>em</strong><strong>em</strong>bered the southern ladies in their white<br />

cotton sun bonnets and long-sleeved dresses (…) (PHILLIPS,<br />

1994, p. 78)]<br />

Ela também tentava raciocinar, tentando enten<strong>de</strong>r por que isto estava<br />

acontecendo: “Eles me compraram para me matar?” [Did they buy me to kill me?<br />

(PHILLIPS, 1994, p. 78)]. Embora seja um simples pensamento, isto mostra seu<br />

<strong>de</strong>sacordo com a situação e, mais que isso, sua esperança <strong>de</strong> escapar <strong>de</strong>la. Esta não é<br />

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