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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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fato, sua luta pela <strong>de</strong>mocracia é test<strong>em</strong>unhada: “Eu não vou lutar com os Vietcongs.<br />

Declarando: Irmãos e Amigos. (...) Ouvia vozes esperando por Liberda<strong>de</strong>. D<strong>em</strong>ocracia”<br />

[(...) I ain’t got no quarrel with th<strong>em</strong> Vietcong. Declaring: Brothers and Friends. (...)<br />

Listened to voices hoping for: Freedom. D<strong>em</strong>ocracy (PHILLIPS, 1993, p. 236)].<br />

Esta experiência <strong>em</strong> conjunto é a base da <strong>de</strong>rrota da exclusão e o<br />

reconhecimento do não-branco na construção das nações mo<strong>de</strong>rnas nas Américas e na<br />

Europa, especialmente no Reino Unido e na França. Phillips coloca esta<br />

‘convivialida<strong>de</strong>’ nas palavras <strong>de</strong> Gilroy (2007), nos pubs <strong>de</strong> Londres. É essa<br />

convivência diária entre brancos e negros que afasta o preconceito que Phillips, citando<br />

Defoe <strong>em</strong> The True-born Englishman, não <strong>de</strong>seja ver novamente na Inglaterra. Já foi o<br />

t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que os ingleses, consi<strong>de</strong>rando-se <strong>de</strong> raça pura, afastavam <strong>de</strong> seu convívio os<br />

não-britânicos (escoceses, irlan<strong>de</strong>ses, galeses e, a fortiori, os negros) por que não<br />

queriam ser “uma raça <strong>de</strong> vira-latas” [a race of mongrels (PHILLIPS, 1993, 235)].<br />

Salientando a resistência positiva dos negros, Phillips mostra a recuperação da<br />

subjetivida<strong>de</strong> do negro revelada e representada por seus cantos e músicas. “Eu ouço.<br />

Ritmos <strong>de</strong> reggae <strong>de</strong> rebelião e revolução (...). O saxofonista. (...) Samba. Calypso.<br />

Jazz” [I have listened. To reggae rhythms of rebellion and revolution (...). To the<br />

saxophone player. (...) Samba. Calypso. Jazz. (PHILLIPS, 1993, p. 236, grifos nossos)].<br />

É a contribuição que o negro, entre outras coisas, presenteou à humanida<strong>de</strong>. Conhecida<br />

por todos, a música negra, seja britânica, caribenha, africana ou estaduni<strong>de</strong>nse,<br />

introduziu um el<strong>em</strong>ento original e inovador à cultura humana.<br />

Portanto, a sobrevivência do passado e do presente faz com que o negro saia<br />

vencedor, “machucados, mas <strong>de</strong>terminados (...) Eles chegaram na longínqua outra<br />

marg<strong>em</strong> do rio” [hurt, but <strong>de</strong>termined (...). They arrived on the far bank of the river”<br />

(PHILLIPS, 1993, p. 237)]. Como no passado sobreviveram ao ‘Middle Passage’ e ao<br />

labor das fazendas americanas, a luta cont<strong>em</strong>porânea pela igualda<strong>de</strong> e pela aceitação da<br />

diferença será também b<strong>em</strong>-sucedida.<br />

Emerge, portanto, um toque <strong>de</strong> esperança, raro nos romances e nos ensaios <strong>de</strong><br />

Phillips. De fato, sua resistência baseia-se na esperança. Eles não quer<strong>em</strong> mais só<br />

sobreviver; ao contrário, têm um sonho <strong>de</strong> “que um dia (...) os filhos <strong>de</strong> ex-escravos e os<br />

filhos dos ex-donos <strong>de</strong> escravos possam sentar juntos à mesa da fraternida<strong>de</strong>” [that one<br />

day (...) the sons of former slaves and the sons of former slave-owners will be able to sit<br />

down together at the table of brotherhood (PHILLIPS, 1993, p. 237) ]. O pai africano<br />

profetiza: “eles conseguirão sobreviver às durezas da outra marg<strong>em</strong>” [they will survive<br />

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