06.06.2013 Views

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mas, ao contrário, vai ao encontro <strong>de</strong>le. Mais tar<strong>de</strong>, no século XVII, René Descartes<br />

sobrepõe a razão à religião ou ao <strong>de</strong>stino e, com a máxima cogito, ergo sum, coloca o<br />

sujeito como ponto a partir do qual as ações po<strong>de</strong>m ser construídas.<br />

No sist<strong>em</strong>a econômico, com Karl Marx, e no psicológico, com Freud, o sujeito<br />

também foi estudado. De acordo com o primeiro, ele é condicionado a probl<strong>em</strong>as<br />

econômicos e sociais, ou seja, à sua classe. Já segundo Freud, o sujeito é submetido ao<br />

id, seu subconsciente. Continuando os estudos <strong>de</strong> Marx, Louis Althusser e Antonio<br />

Gramsci, entre outros, discutiram sobre como a i<strong>de</strong>ologia condiciona ou diminui a<br />

autonomia do sujeito. Aquele dominado por uma <strong>de</strong>terminada i<strong>de</strong>ologia – sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

pensamento <strong>em</strong> que a classe dominante constrói para a classe dominada assim<br />

permanecer permanent<strong>em</strong>ente – crê no que lhe é pregado e dissipa qualquer outra visão,<br />

sendo conivente com o que lhe é apresentado, tornando, assim, o sist<strong>em</strong>a completo e<br />

perfeito (para o dominador), <strong>em</strong> nosso caso, para o colonizador.<br />

Lacan (1901 – 1981), continuando os trabalhos <strong>de</strong> Freud, pesquisou como o<br />

sujeito po<strong>de</strong> se tornar mais autônomo ou mais limitado. Ele propõe que sua gênese se dá<br />

<strong>em</strong> três fases – s<strong>em</strong>iótica (ser = objeto), do espelho (imitação) e a simbólica (submissão<br />

à lei do pai, da linguag<strong>em</strong> previamente construída).<br />

Quase que concomitant<strong>em</strong>ente, M. Foucault (1926 – 1984) estudou o discurso<br />

como sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> conhecimento. Ele afirma que como se <strong>de</strong>u a produção do sujeito por<br />

meio <strong>de</strong> um discurso construído é que se torna relevante, já que ele está inserido <strong>em</strong> um<br />

contexto, <strong>em</strong> uma i<strong>de</strong>ologia.<br />

J. Derrida (1930 – 2004), partindo das conclusões <strong>de</strong> Foucault, afirma que, se<br />

um discurso po<strong>de</strong> ser construído para a elaboração <strong>de</strong> um sujeito, ele po<strong>de</strong> também ser<br />

<strong>de</strong>sconstruído. Ele mostra que as bases que sustentam <strong>de</strong>terminados pensamentos são<br />

metafísicas e que po<strong>de</strong>m, mesmo constituindo-se como pr<strong>em</strong>issas, ser <strong>de</strong>sconstruídas,<br />

pois também apresentam-se como produtos, sendo parte <strong>de</strong> oposições binárias (hom<strong>em</strong><br />

x mulher, colonizador x colonizado etc.).<br />

Esta ‘<strong>de</strong>sconstrução’ <strong>de</strong> que fala Derrida é o nome dado à operação crítica<br />

através da qual tais oposições po<strong>de</strong>m ser enfraquecidas. O filósofo <strong>de</strong>monstra isso<br />

quando ‘conceitos-base’ são trabalhados <strong>de</strong> forma que eles mesmos se confundam<br />

(periferia e núcleo ou metrópole e colônia, por ex<strong>em</strong>plo), havendo uma contínua difusão<br />

e mistura <strong>de</strong> significados, à qual Derrida chama <strong>de</strong> ‘diss<strong>em</strong>inação’.<br />

Assim, seus estudos lançam dúvidas sobre conceitos como ‘verda<strong>de</strong>’,<br />

‘realida<strong>de</strong>’ etc., vistos agora como produções da linguag<strong>em</strong>. Derrida conclui que se o<br />

54

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!