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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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[Martha looked over her shoul<strong>de</strong>rs as she ran. (like the wind,<br />

girl.) And then, later, she saw dawn announcing its bold self,<br />

and a breathless Martha stopped to rest beneath a huge willow<br />

tree. (Don’t nobody own me now.) She looked up, and through<br />

the ticket of branches she saw morning star throbbing in the<br />

sky. As though recklessly att<strong>em</strong>pting to preserve its life into the<br />

heart of a new day. (PHILLIPS, 1994, p. 80, grifos nossos)].<br />

Ao fugir, Martha vê um novo dia nascendo, ou seja, um recomeço, uma vida<br />

nova. O texto enfatiza isso ao colocar, pelo menos três vezes, sobre o novo dia que se<br />

inicia. Até mesmo sua “audaciosa chegada” se r<strong>em</strong>ete à atitu<strong>de</strong> corajosa <strong>de</strong> Martha e <strong>de</strong><br />

como este v<strong>em</strong> a ser o ponto chave <strong>de</strong> sua resistência: a fuga para o recomeço <strong>de</strong> uma<br />

nova vida metaforizada pelo início do dia. Assim que vê a aurora, ela se sente livre.<br />

Deste modo, o raiar do dia marca o princípio <strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong>.<br />

Depois <strong>de</strong> ter escapado, Martha se encontra numa condição muito diferente. Já<br />

se passaram <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ela chegou <strong>em</strong> Dodge “e começou a lavar roupas,<br />

<strong>de</strong>pois a cozinhar e então as duas coisas quando Lucy concordou <strong>em</strong> ajudá-la (...)” [and<br />

set up laun<strong>de</strong>ring clothes, then cooking some, then doing both when Lucy agreed to<br />

come and help (…) (PHILLIPS, 1994, p. 82)]. Ela estava então trabalhando com uma<br />

amiga, ganhando seu próprio dinheiro, o que se contrapõe ao estereótipo do negro<br />

preguiçoso e parasita cunhado pelo branco.<br />

Além disso, ela conhecera Chester e estava apaixonada por ele. Nas palavras <strong>de</strong><br />

Martha: “este hom<strong>em</strong> me fez esquecer – e isto é um presente dos céus. Eu nunca pensei<br />

que alguém pu<strong>de</strong>sse me dar tanto amor, mesmo s<strong>em</strong> tentar, mesmo s<strong>em</strong> fazer esforço<br />

algum, s<strong>em</strong> fazer estardalhaço sobre isso” [this man ma<strong>de</strong> me forget – and that’s a gift<br />

from above. I never thought anybody could give me so much love, even without trying,<br />

even without appearing to make any effort, without raising no dust about it (PHILLIPS,<br />

1994, p. 84)]. Ela não estava habituada a receber qualquer tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong><br />

afeto, mas agora, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter escapado, ela tinha conseguido até ter seu próprio<br />

negócio. Ela mesma não sabia a diferença que isto tinha feito, mas se sentia b<strong>em</strong> e isso<br />

era o suficiente. Este período <strong>de</strong> sua vida foi marcante: ela estava trabalhando,<br />

apaixonada por Chester e dividindo trabalho com uma amiga, enfim, vivendo uma<br />

relação sujeito – sujeito.<br />

Sua resistência contra o hom<strong>em</strong> branco po<strong>de</strong> ser simbolicamente vista por três<br />

perspectivas. Primeiramente, ela estava trabalhando, ganhando seu próprio dinheiro. Em<br />

segundo lugar, estava apaixonada, reiniciando uma família. Finalmente, Martha tinha<br />

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