Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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Tanto o patriarcalismo quanto o imperialismo po<strong>de</strong>m ser vistos<br />
como impositores <strong>de</strong> formas análogas <strong>de</strong> dominação sobre seus<br />
subordinados. Daí as experiências da mulheres quanto ao<br />
patriarcalismo e a dos sujeitos colonizados po<strong>de</strong>m ser<br />
comparadas <strong>em</strong> diversos aspectos, e ambas as políticas<br />
f<strong>em</strong>inista e pós-colonial se opõ<strong>em</strong> a tal dominação.<br />
[Both patriarchy and imperialism can be seen to exert analogous<br />
forms of domination over those they ren<strong>de</strong>r subordinate. Hence<br />
the experiences of women in patriarchy and those of colonized<br />
subjects can be paralleled in a number of respects, and both<br />
f<strong>em</strong>inist and post-colonial politics oppose such dominance<br />
(ASHCROFT, 1998, p. 101)].<br />
Assim, não se po<strong>de</strong> negar que as mulheres tiveram um importante papel no<br />
processo <strong>de</strong> expansão territorial ultramarina, já que foram duplamente colonizadas –<br />
primeiramente por ser<strong>em</strong> colonizadas e <strong>em</strong> segundo lugar por ser<strong>em</strong> mulheres. “(...) o<br />
subalterno como mulher está ainda mais na escuridão” [(...) the subaltern as f<strong>em</strong>ale is<br />
even more <strong>de</strong>eply in shadow (ASHCROFT, 1998, p. 219)]. Como mencionado<br />
anteriormente, o patriarcalismo foi construído <strong>de</strong> forma que o hom<strong>em</strong> estivesse<br />
naturalmente a cargo do po<strong>de</strong>r e a biologia reforçou tal idéia pelo fato <strong>de</strong> o hom<strong>em</strong> ser<br />
fisicamente mais forte e maior. Tal conceito, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> ‘misoginia’, coloca a<br />
mulher como o ‘sexo frágil’ que se conforma e apóia o controle externo.<br />
Desta forma, um <strong>de</strong>terminado papel e um comportamento ditado são esperados<br />
da mulher o que a oprime e faz com que o patriarcalismo seja eternizado. Do mesmo<br />
modo, a experiência pela qual a mulher passa sob o patriarcalismo é a mesma que o<br />
colonizado se sujeita <strong>em</strong> função do imperialismo.<br />
A mulher, assim como o colonizado, é <strong>de</strong>finida baseada no hom<strong>em</strong> – e o<br />
colonizado no colonizador. Ambos são colocados como o oposto ao que é certo, sendo<br />
que o hom<strong>em</strong> e o colonizador são o sujeito e a mulher e o colonizado, o outro a partir<br />
do primeiro. Nas palavras <strong>de</strong> Beauvoir (In NICHOLSON, 1997, p. 13),<br />
(...) o hom<strong>em</strong> representa ambos o positivo e o neutro, como<br />
indicado pelo uso comum <strong>de</strong> hom<strong>em</strong> para <strong>de</strong>signar seres<br />
humanos <strong>em</strong> geral; enquanto a mulher representa somente o<br />
negativo, <strong>de</strong>finido por critérios limitadores, s<strong>em</strong> reciprocida<strong>de</strong>.<br />
[(…) man represents both positive and the neutral, as is<br />
indicated by the common use of man to <strong>de</strong>signate human<br />
beings in general, whereas woman represents only the negative,<br />
<strong>de</strong>fined by limiting criteria, without reciprocity].<br />
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