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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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(…) não há oposição binária clara entre o colonizador e o<br />

colonizado, ambos estão imersos numa complexa reciprocida<strong>de</strong><br />

e os sujeitos coloniais po<strong>de</strong>m negociar as rupturas dos<br />

discursos dominantes <strong>de</strong> várias formas.<br />

[(…) there is no neat binary opposition between the colonizer<br />

and the colonized, both are caught up in a complex reciprocity<br />

and colonial subjects can negotiate the cracks of dominant<br />

discourses in a variety of ways (LOOMBA, 1998, p.10)].<br />

É por esta razão que Spivak (1995) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> que o subalterno não<br />

po<strong>de</strong> falar. Mesmo quando o faz, usa a língua do colonizador através da qual se torna<br />

difícil ouvir sua verda<strong>de</strong>ira voz. De fato, n<strong>em</strong> o discurso coletivo ou individual po<strong>de</strong><br />

expressar crenças e tradições intactas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas socieda<strong>de</strong>s. Ao contrário, como<br />

<strong>de</strong>batido anteriormente, Bhabha (1998) acredita <strong>em</strong> formas <strong>de</strong> resistência, já que pelo<br />

menos parte da perspectiva do oprimido po<strong>de</strong> ser reconhecida.<br />

Os discursos e formas <strong>de</strong> resistência po<strong>de</strong>m variar. Os níveis das rebeliões<br />

também. Mas estas não são razões para não consi<strong>de</strong>rar as, às vezes escassas,<br />

manifestações dos colonizados, mesmo com diferentes padrões dadas as diversas<br />

relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, pois todas têm algo <strong>em</strong> comum: sua História.<br />

Assim, a resistência é ferramenta importante nas mãos do colonizado. Ela o<br />

leva da cegueira à luz que o conduz para a prevenção <strong>de</strong> sua objetificação e <strong>de</strong> sua terra.<br />

Se o colonizado t<strong>em</strong> a percepção <strong>de</strong> que ele e sua comunida<strong>de</strong> tornaram-se ‘parte’ da<br />

metrópole, não compondo mais sua História, mas a do Outro, ele é capaz <strong>de</strong> questionar<br />

e se contrapor. Desta forma, o colonizador e o colonizado são colocados frente a frente,<br />

procurando forças equivalentes.<br />

Por meio da resistência, tanto a violenta como a discursiva, o colonizado re-<br />

adquire sua subjetivida<strong>de</strong>. Os aspectos externos que impe<strong>de</strong>m ou diminu<strong>em</strong> seu<br />

exercício são discutidos e então discernidos. O colonialismo é um dos fatores mais<br />

eficientes na tarefa da objetificação do indivíduo e, ao perceber isso, o sujeito colonial<br />

resiste e luta para superar este <strong>em</strong>pecilho <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> sua autonomia.<br />

2.2 Subjetivida<strong>de</strong><br />

Aristóteles, no século IV a.C., <strong>de</strong>screve a pessoa como unida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

s<strong>em</strong> ser sujeita a algo, mas apenas ao <strong>de</strong>stino (moira). Tal conceito fica claro na tragédia<br />

Édipo Rei, <strong>em</strong> que o personag<strong>em</strong> principal, Édipo, foge para escapar do seu <strong>de</strong>stino<br />

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