Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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proporciona a unida<strong>de</strong> entre os nativos na luta contra a história da metrópole <strong>em</strong> favor<br />
da construção da história <strong>de</strong> sua nação (FANON, 1990).<br />
2.1.1.2 Hannah Arendt<br />
Hannah Arendt (1906 – 1975), uma teórica política judia-al<strong>em</strong>ã, s<strong>em</strong>pre<br />
l<strong>em</strong>brada como filósofa, <strong>em</strong>bora recusasse tal título, se dizia política já que seu trabalho<br />
é centrado na humanida<strong>de</strong>, e não no hom<strong>em</strong> como indivíduo..<br />
Ela estudou na universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marburg e mais tar<strong>de</strong>, mudou-se para<br />
Hei<strong>de</strong>lberg, on<strong>de</strong> escreveu sua dissertação sobre o conceito <strong>de</strong> amor segundo Santo<br />
Agostinho sob a perspectiva filosófica e psicológica <strong>de</strong> Karl Jaspers. O trabalho foi<br />
publicado <strong>em</strong> 1937, mas ela foi impedida <strong>de</strong> lecionar nas universida<strong>de</strong>s al<strong>em</strong>ãs por ser<br />
judia. Arendt foi para Paris e trabalhou no auxílio <strong>de</strong> refugiados ju<strong>de</strong>us, mas com a<br />
ocupação do norte da França pela Al<strong>em</strong>anha, ela foi obrigada a fugir.<br />
Em 1941, foi para os Estados Unidos on<strong>de</strong> trabalhou como assistente <strong>de</strong> um<br />
diplomata Americano e tornou-se ativa na comunida<strong>de</strong> judia-al<strong>em</strong>ã <strong>de</strong> Nova Iorque.<br />
Neste período ela dirigiu uma pesquisa para a Comissão <strong>de</strong> Reconstrução Cultural <strong>de</strong><br />
Ju<strong>de</strong>us Europeus. Em 1950 Arendt se tornou cidadã naturalizada americana e <strong>de</strong>u aulas<br />
<strong>em</strong> diversas universida<strong>de</strong>s b<strong>em</strong> conceituadas dos Estados Unidos.<br />
Iorque.<br />
Ela morreu <strong>em</strong> 1975 e foi enterrada no campus do Bard College, <strong>em</strong> Nova<br />
Ao contrário <strong>de</strong> Fanon, suas reflexões acerca da resistência têm um<br />
<strong>de</strong>nominador comum: a não violência. Arendt acredita que ao final <strong>de</strong> uma disputa entre<br />
super po<strong>de</strong>res não há vencedores.<br />
Ela admite que a política e, conseqüent<strong>em</strong>ente, a história t<strong>em</strong> sido permeada<br />
pela violência: “Ninguém que esteja ligado à história e política po<strong>de</strong> permanecer leviano<br />
acerca do gran<strong>de</strong> papel que a violência t<strong>em</strong> nas questões humanas” [No one concerned<br />
with history and politics can r<strong>em</strong>ain unaware of the enormous role violence has always<br />
played in human affairs (ARENDT, 1969)]. Para Arendt, isso <strong>de</strong>monstra o quanto<br />
estamos habituados à violência e o quanto ela t<strong>em</strong> sido ignorada, dada sua presença<br />
óbvia tão intimamente ligada ao po<strong>de</strong>r. A violência, segundo ela, está hoje intrínseca ao<br />
po<strong>de</strong>r, pois este é um tipo <strong>de</strong> violência. Contudo, a visão <strong>de</strong> governo que Arendt<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> é aquela <strong>em</strong> que há po<strong>de</strong>r, pois ele é da sua essência, mas s<strong>em</strong> violência, porque<br />
esta não o é.<br />
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