Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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<strong>de</strong>finidos para os diversos campos do saber, ou seja, diz não ao dogmatismo, que numa<br />
metáfora, po<strong>de</strong> ser aqui entendido como os valores europeus (BONNICI, 1999, p.25).<br />
Uma das literaturas pós-coloniais mais profícuas se manifesta na literatura<br />
negra britânica. Tal literatura t<strong>em</strong> raízes na África, no Caribe, no su<strong>de</strong>ste asiático e <strong>em</strong><br />
diversas outras regiões outrora colonizadas pelo Reino-Unido. Apesar <strong>de</strong> ter origens<br />
distintas, foi, muito provavelmente a idéia <strong>de</strong> ‘raça’, neste caso a negra, tomada como a<br />
maior característica econômica e política <strong>de</strong> uma nação, que fez com que a literatura<br />
negra fosse separada como categoria, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da nacionalida<strong>de</strong> do autor.<br />
Escritores negros americanos, caribenhos e mesmo africanos figuram como ‘autores <strong>de</strong><br />
literatura negra’. Há estudiosos que chegam a incluir nesta lista autores brancos, mas<br />
que escrev<strong>em</strong> sobre os negros. A literatura negra britânica fica, assim, distinta das<br />
outras várias literaturas por tratar, principalmente, do t<strong>em</strong>a da exclusão, mas também<br />
dos <strong>de</strong>mais que <strong>de</strong>le advém, como o preconceito, a diáspora, entre outros, além dos<br />
efeitos <strong>de</strong>les provenientes até os dias <strong>de</strong> hoje.<br />
Apesar <strong>de</strong>sta generalização, há que se consi<strong>de</strong>rar muitas diferenças entre as<br />
‘literaturas negras’. Mesmo a exclusão <strong>de</strong> que falamos é diferente <strong>em</strong> cada país e para<br />
cada cidadão (contra o hom<strong>em</strong> e contra a mulher, por ex<strong>em</strong>plo). Outro ponto a ser<br />
consi<strong>de</strong>rado, é a contraposição entre a literatura produzida por uma minoria negra <strong>em</strong><br />
um país branco, rico e po<strong>de</strong>roso (por ex<strong>em</strong>plo Estados Unidos, Reino Unido), e aquela<br />
produzida pela maioria negra <strong>em</strong> uma nação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (África do Sul, Nigéria,<br />
Quênia, entre outros), com o movimento pós-colonial (tanto no seu aspecto econômico<br />
e político quanto cultural). “Isto se dá porque as nações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes têm ainda sofrido<br />
efeitos da dominação estrangeira nas esferas política e econômica” [This is especially so<br />
since the latter nations (in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nts) are often still experiencing the residual effects of<br />
foreign domination in the political and economic spheres (ASHCROFT et al., 1989, p.<br />
20)].<br />
Entretanto, ambas mostram também s<strong>em</strong>elhanças, como o olhar sobre as<br />
relações humanas (especialmente a do colonizador branco vs. o colonizado negro),<br />
sobre a ética e sobre outros valores que não se i<strong>de</strong>ntificam com os <strong>de</strong>fendidos pela<br />
Europa, ‘vendidos’ como universalmente corretos. Além disso, o fato <strong>de</strong> os colonizados,<br />
apesar <strong>de</strong> não ser<strong>em</strong> das mesmas socieda<strong>de</strong>s/nações, ter<strong>em</strong> o mesmo esqu<strong>em</strong>a<br />
epidérmico, nas palavras <strong>de</strong> Bhabha (ASHCROFT et al., 1995, p. 29), e<br />
experimentar<strong>em</strong>, por esta razão, a exclusão é o que torna tal s<strong>em</strong>elhança mais flagrante.<br />
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