06.06.2013 Views

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

fato <strong>de</strong> ir à África <strong>de</strong>u a ele a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ‘escolher livr<strong>em</strong>ente’. Nas palavras <strong>de</strong><br />

Ashcroft (2001, p. 34),<br />

sujeitos são inteiramente autônomos para mostrar que nos<br />

aspectos materiais <strong>de</strong> suas vidas eles faz<strong>em</strong> escolhas, <strong>em</strong>pregam<br />

estratégias <strong>de</strong> auto-formação e produção, às vezes <strong>de</strong> notável<br />

sutileza, que os caracteriza como agentes que são capazes <strong>de</strong><br />

‘resistir’ ao po<strong>de</strong>r cultural (...).<br />

[subjects are entirely autonomous to show that in the material<br />

aspects of their lives they make choices, <strong>em</strong>ploy strategies of<br />

self-formation and production, sometimes of r<strong>em</strong>arkable<br />

subtely, which characterize th<strong>em</strong> as agents who are capable of<br />

‘resisting’ cultural power (…) (grifo nosso)]<br />

A sutileza a que o autor se refere t<strong>em</strong> a ver com pequenos hábitos diários,<br />

como a forma <strong>de</strong> trabalho e arranjos domésticos. Isto só v<strong>em</strong> a mostrar como a mudança<br />

que se dava <strong>em</strong> Nash era profunda, já que atingia os aspectos mais corriqueiros <strong>de</strong> sua<br />

vida.<br />

Por outro lado, gran<strong>de</strong>s transformações também ocorriam. Nash adquire uma<br />

visão global <strong>de</strong> resistência e conseqüente construção da subjetivida<strong>de</strong> e libertação (não<br />

somente física) <strong>de</strong> todos os negros. Ele pe<strong>de</strong> a Edward que convoque seus<br />

companheiros: “Informe a eles (meus amigos negros) que eles <strong>de</strong>veriam escolher vir<br />

para este país (...)” [Inform th<strong>em</strong> (my colored friends) that they should choose to come<br />

out to this country (…) (PHILLIPS, 1993, p. 62)], pois, segundo ele,<br />

precisamos brigar pelos nossos direitos (…) e sentir o amor da<br />

liberda<strong>de</strong> que nunca po<strong>de</strong> ser encontrado na sua América. (...) A<br />

Libéria me proporcionou a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrir meus olhos e<br />

fugir da ignorância que seguramente me esquadrinhou durante<br />

toda minha vida.<br />

[We need to contend for our rights (…) and feel the love of<br />

liberty that can never be found in your America. (…) Liberia<br />

has provi<strong>de</strong>d me with the opportunity to open up my eyes and<br />

cast off the garb of ignorance which has encompassed me all<br />

too securely the whole course of my life (PHILLIPS, 1993, p.<br />

61, grifos nossos)].<br />

Em seu discurso, é flagrante uma <strong>completa</strong> inversão da postura <strong>de</strong> Edward. Ele<br />

fala <strong>em</strong> ‘nossos direitos’ unindo-se a outros negros ainda subjugados nos Estados<br />

Unidos. Do mesmo modo, a América passa a ser <strong>de</strong> Edward somente e a Libéria, o seu<br />

país realmente, que lhe mostrou a verda<strong>de</strong> ao abrir-lhe os olhos.<br />

77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!