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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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África seria civilizada pelo retorno <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, que estavam agora<br />

abençoados com as mentes cristãs racionais” [America would be r<strong>em</strong>oving a cause of<br />

increasing social stress and Africa would be civilized by the return of her <strong>de</strong>scendants,<br />

who were now blessed with rational Christian minds” (PHILLIPS, 1993, p. 9)]. Deste<br />

modo, a escravidão po<strong>de</strong>ria ser aceita como uma instituição ‘filantrópica’ e o egoísmo<br />

nacional ficaria escondido atrás <strong>de</strong>la.<br />

Assim, a África era vista como carente <strong>de</strong> civilização, suas religiões<br />

qualificadas como ritos pagãos e superstições diminuídos perante o cristianismo. Até<br />

mesmo o clima quente e úmido e a presença <strong>de</strong> animais selvagens e exóticos eram<br />

menosprezados. Tal ensinamento foi assimilado s<strong>em</strong> resistência por Nash, e isso fica<br />

claro quando ele <strong>de</strong>screve a Libéria como uma terra <strong>de</strong> escuridão (“este negro país<br />

chamado Libéria” [This dark country of Liberia (PHILLIPS, 1993, p.31)]), um lugar<br />

pagão que possui um dialeto cru (“seu dialeto cru” [their cru<strong>de</strong> dialect (PHILLIPS,<br />

1993, p. 23)]). Já distante dos Estados Unidos, refere-se à América como um país<br />

civilizado, terra <strong>de</strong> leite e mel, on<strong>de</strong> a África <strong>de</strong>veria se espelhar.<br />

Como se vê, todos os aspectos da vida <strong>de</strong> Nash foram ‘enquadrados’ no<br />

formato americano, <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> sua orig<strong>em</strong> africana. Logo no início do capítulo,<br />

Edward fala que Nash tinha<br />

se submetido a um rigoroso programa <strong>de</strong> educação cristã (...).<br />

E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sete difíceis anos na Libéria, (...) trabalhando com<br />

<strong>de</strong>dicação nas tarefas <strong>de</strong> seu Deus (...) tinha ganhado o respeito<br />

não somente dos africanos nativos, mas dos negros livres da<br />

América, e dos poucos brancos naquele clima inóspito.<br />

[un<strong>de</strong>rgone a rigorous program of Christian education (…).<br />

And after seven difficult years in Liberia, (…) working with<br />

application to his God’s tasks (…) had won the respect not only<br />

of the African natives, but of the free colored men from<br />

America, and of the few whites in the inhospitable clime<br />

(PHILLIPS, 1993, p.7, grifos nossos)].<br />

Assim, Nash fora enviado à África sob gran<strong>de</strong> expectativa, à qual ele<br />

correspon<strong>de</strong>ra, pois sua escola tinha uma excelente reputação. Suas cartas a Edward<br />

pediam livros e bíblias para ajudar no ensino. Percebe-se, assim, que sua intenção era<br />

dar a educação americana, com livros provindos <strong>de</strong> lá e com informações referentes<br />

àquela terra. Este era o paradigma do ‘centro’ como o aniquilamento e não-valorização<br />

da periferia. Em suas palavras, <strong>em</strong> sua segunda carta a Edward, Nash diz: “Estou apto a<br />

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