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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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instruí-los como escrever, sobre a Bíblia, sobre mat<strong>em</strong>ática e geografia. (...) Nossa<br />

escola está transformada numa pequena igreja batista (...)” [I am able to instruct in<br />

writing intelligibly, in the Bible, in arithmetic, and in geography. (…) Our school is<br />

transformed (...) into a small Baptist church (…) (PHILLIPS, 1993, p. 23)]. Assim, a<br />

geografia, história e língua da África eram simplesmente ignoradas. Tal menosprezo<br />

fica claro na visão <strong>de</strong> Edward:<br />

Ele abriu diante <strong>de</strong> si um mapa do conhecido mundo, e olhou<br />

para o <strong>de</strong>selegante formato da África, que ficava como uma<br />

sombra imóvel e escura entre sua amada América e o exótico<br />

espetáculo da Índia e dos países e ilhas do Oriente.<br />

[He spread before himself a map of the known world, and<br />

stared at the inelegant shape of Africa, which stood like a dark,<br />

immovable shadow between his own beloved America and the<br />

exotic spectacle of India and the countries and islands of the<br />

Orient (PHILLIPS, 1993, p. 13)].<br />

Vê-se, portanto, que os pensamentos <strong>de</strong> Edward eram reproduzidos por Nash.<br />

Nash assimilava cada vez mais a i<strong>de</strong>ologia estaduni<strong>de</strong>nse. Ele não tinha autonomia<br />

alguma e apenas repetia o que lhe era ensinado. Nas palavras <strong>de</strong> Bhabha, tal repetição<br />

consubstancia-se na mímica, na imitação do outro.” (…) a visão européia do processo<br />

<strong>de</strong> civilização não foi nada mais que a imitação forçada – as culturas coloniais <strong>de</strong>veriam<br />

simplesmente imitar os ocupantes da metrópole” [(...) the European view of the<br />

civilizing process was nothing less than enforced <strong>em</strong>ulation – colonial cultures should<br />

simply imitate their metropolitan occupiers (...) (ASHCROFT, 2001, p. 03)].<br />

Tal imitação não se constitui, neste caso, como resistência, mas como<br />

expressão da aceitação e assimilação <strong>de</strong> Nash da cultura que lhe fora imposta. Para ele,<br />

a condição <strong>de</strong> hom<strong>em</strong> só lhe é atribuída se algumas qualida<strong>de</strong>s – inerentes ao branco<br />

americano – for<strong>em</strong> preenchidas. Nash pensa e age exatamente como este mo<strong>de</strong>lo e se<br />

sente como um <strong>de</strong>les, ou, pelo menos, se esforça ao máximo para ficar o mais<br />

s<strong>em</strong>elhante possível. Ele teve, assim, sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> arrasada, ao ser coagido a usar uma<br />

máscara branca. Nash se refere à América como seu país e como sendo estrangeiro na<br />

Libéria: “Eu tive sorte o bastante <strong>de</strong> nascer num país cristão, no meio <strong>de</strong> pais e amigos<br />

cristãos” [I was fortunate enough to be born in a Christian country, amongst Christian<br />

parents and friends (...) (PHILLIPS, 1993, p. 21, grifos nossos)]. Ou seja, ele é “o<br />

mesmo, mas não branco” [the same, but not white].<br />

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