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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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De fato, Nash, Travis e Martha não são fisicamente as pessoas que serão<br />

tratadas no romance – dado o lapso t<strong>em</strong>poral entre suas histórias – mas uma metonímia,<br />

ou seja, uma representação <strong>de</strong> negros escravos vivendo nos Estados Unidos.<br />

O velho pai, alegoria do colonizado, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> esperar mais <strong>de</strong> 250 anos para<br />

escutar a voz <strong>de</strong> seus filhos (no epílogo), fazendo o narratário/leitor acompanhar as<br />

trajetórias dos diferentes representantes <strong>de</strong>sse brutal processo (Nash, Martha e Travis,<br />

filhos da África), intercalado pela narração do capitão James Hamilton (Capítulo<br />

Crossing the River) , que os comercializou.<br />

The Pagan Coast<br />

O capítulo The Pagan Coast trata da vida <strong>de</strong> Nash Williams, como sendo,<br />

supostamente, um dos filhos vendidos na costa da África. Pela voz <strong>de</strong> um narrador, mas<br />

principalmente pelas cartas enviadas por Nash a Edward, seu ‘padrinho’ nos Estados<br />

Unidos, o leitor conhece a história <strong>de</strong> ambos.<br />

Ocorre que Nash fora criado por Edward, um norte americano branco que o<br />

possuía como escravo. No entanto, apesar disso, Edward dispensou a ele uma educação<br />

cristã <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> a ponto <strong>de</strong> ele tornar-se um excelente evangelizador. Edward era<br />

filho <strong>de</strong> um rico produtor <strong>de</strong> tabaco que recebeu sua herança aos 29 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Apesar <strong>de</strong> possuir 300 escravos, muito provavelmente por ser cristão, era avesso ao<br />

sist<strong>em</strong>a que o tinha ajudado a multiplicar sua riqueza. Desta forma, Edward incentivou<br />

seus escravos a apren<strong>de</strong>r a ler e a escrever e, quando soube da existência da Socieda<strong>de</strong><br />

Americana <strong>de</strong> Colonização, pensou que po<strong>de</strong>ria contribuir. Tal socieda<strong>de</strong> fora criada<br />

pelo pastor Robert Finley, com o apoio <strong>de</strong> muitos quakers e <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res negros, que<br />

acreditava que os (ex-)escravos não conseguiriam ser integrados na socieda<strong>de</strong> norte-<br />

americana e <strong>de</strong>veriam, então, migrar para a África. Segundo eles, esta seria também<br />

uma forma <strong>de</strong> difundir o cristianismo no continente africano.<br />

Foi por meio <strong>de</strong>sta Socieda<strong>de</strong> que Nash foi levado <strong>de</strong> volta à África, <strong>de</strong>sta vez<br />

como missionário da fé cristã. Ele, que nutria um amor <strong>de</strong> filho para com Edward, foi<br />

enviado à Libéria para cumprir seu trabalho.<br />

Como já mencionado, as cartas <strong>de</strong> Nash, estando na Libéria, para Edward, nos<br />

Estados Unidos é que revelam o <strong>de</strong>senrolar da história. As primeiras correspondências<br />

mostram um Nash extr<strong>em</strong>amente grato ao seu patrão, por ter tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estudar e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, agora, levar a ‘verda<strong>de</strong>ira’ civilização aos seus ancestrais. Mesmo<br />

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