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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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A construção da autorida<strong>de</strong> social e do processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação se dá sobre<br />

três condições: “existir é ser chamado à existência <strong>em</strong> relação a uma alterida<strong>de</strong>, seu<br />

olhar ou lócus”; “o próprio lugar da i<strong>de</strong>ntificação, retido na tensão da <strong>de</strong>manda e do<br />

<strong>de</strong>sejo, é um espaço <strong>de</strong> cisão” e “a i<strong>de</strong>ntificação é s<strong>em</strong>pre a produção <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a transformação do sujeito ao assumir aquela imag<strong>em</strong>” (BHABHA,<br />

1998, p. 76).<br />

Bhabha (1998) recusa a polarida<strong>de</strong> colonizador-colonizado e reconhece que a<br />

alterida<strong>de</strong> é “a sombra amarrada” do sujeito, porque ambos se construíram. Esse hiato<br />

entre o sujeito e o objeto, o território da incerteza, é aproveitado pelo autor pós-colonial<br />

para reconstruir seus personagens pós-coloniais. O hibridismo pós-colonial, com sua<br />

subversão da autorida<strong>de</strong> e a implosão do centro imperial, constrói o novo sujeito pós-<br />

colonial. Wilson Harris (1973) fala do sujeito colonizado como alguém que t<strong>em</strong> muitas<br />

facetas, o eu e o Outro. A procura <strong>de</strong>sse eu composto é a nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pós-colonial.<br />

A violência (o <strong>de</strong>sm<strong>em</strong>bramento do sujeito) é seguida pela fragmentação e pela<br />

reconstrução do vazio a partir do qual as culturas são liberadas da dialética <strong>de</strong>strutiva da<br />

história (BONNICI, 2000, p. 258).<br />

Desta forma, a diferença não se dá porque um é o colonizador e o colonizado,<br />

mas sobre a perturbadora distância entre os dois, espaço <strong>em</strong> que surg<strong>em</strong> indagações não<br />

só sobre a imag<strong>em</strong>, mas sobre o lugar discursivo on<strong>de</strong> se coloca a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Mas estes<br />

limites psíquicos, culturais e territoriais não apresentam uma linha divisória clara entre<br />

línguas, povos etc.<br />

A <strong>de</strong>manda da autorida<strong>de</strong> não consegue unificar sua mensag<strong>em</strong><br />

n<strong>em</strong> simplesmente i<strong>de</strong>ntificar seus sujeitos. Isto porque a<br />

estratégia do <strong>de</strong>sejo colonial é representar o drama da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> no ponto <strong>em</strong> que o negro <strong>de</strong>sliza, revelando a pele<br />

branca (BHABHA, 1998, p. 100).<br />

Na literatura, a expressão <strong>de</strong> autores negros, vistos como libertadores <strong>de</strong> suas<br />

‘i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s rendidas’, ajuda a enten<strong>de</strong>r a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do negro no que tange seus<br />

aspectos negativos (invisibilida<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong> nome e rosto), interpretados aqui como uma<br />

exigência para ser ouvido, visto, reconhecido e encarado como indivíduo e não como<br />

homens marcados por sua cor e estereótipo.<br />

Tal i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> negativa é uma ferramenta no esclarecimento <strong>de</strong> complicações<br />

relacionadas à compreensão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do negro, como a hierarquia <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos<br />

culturalmente positivos e negativos <strong>em</strong> cada i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> psicossocial do indivíduo e a<br />

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