Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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1.8 A Fortuna Literária <strong>de</strong> Crossing the River no Mundo, no Brasil e suas<br />
Traduções<br />
A obra Crossing the River se divi<strong>de</strong> <strong>em</strong> seis partes. T<strong>em</strong>, primeiramente, o<br />
prólogo e por último, o epílogo. Os quatro capítulos entre eles tratam, respectivamente,<br />
<strong>de</strong> quatro personagens: Nash, Martha, Capitão Hamilton e Travis. O prólogo fala <strong>de</strong> um<br />
hom<strong>em</strong> que vive na costa africana e ven<strong>de</strong> seus filhos como escravos. O capitão<br />
Hamilton representa o negociador que os compra, enquanto Nash, Martha e Travis<br />
representam estes filhos. Usamos o verbo ‘representa’ já que não se po<strong>de</strong> afirmar que<br />
estas são, <strong>de</strong> fato, as mesmas personagens e, a intenção é, na verda<strong>de</strong>, fazer mesmo uma<br />
representação <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pessoas que viveram experiências s<strong>em</strong>elhantes.<br />
A história se trata, portanto, da metonímia da vida <strong>de</strong> inúmeras pessoas que<br />
foram vendidas e, consequent<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong>slocadas. Os aspectos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />
resistência estão fort<strong>em</strong>ente traçados <strong>em</strong> cada uma <strong>de</strong>stas experiências. A abordag<strong>em</strong> da<br />
escravidão e sua repercussão; da insensibilida<strong>de</strong> do hom<strong>em</strong> branco e do fato <strong>de</strong> ser<br />
negro <strong>em</strong> um país branco (exclusão) também são patentes na vida das personagens.<br />
A maioria das histórias <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Caryl Phillips se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> forma<br />
fragmentada, como a dos personagens do livro sob estudo, e o uso <strong>de</strong> analepses e<br />
prolepses é o recurso literário <strong>de</strong> que o autor lança mão para retratar o <strong>de</strong>slocamento<br />
acima mencionado. Tal fragmentação se dá <strong>em</strong> ambos níveis textuais e t<strong>em</strong>áticos:<br />
“Devido às perspectivas fragmentadas e plurais, o significado é fluido e instável; o<br />
passado é l<strong>em</strong>brado <strong>em</strong> fragmentos, histórias são contadas <strong>em</strong> fragmentos e as<br />
personagens viv<strong>em</strong> suas vidas <strong>de</strong> forma fragmentada” [Due to the fragmented and plural<br />
perspectives, meaning is fluid and unstable; the past is r<strong>em</strong><strong>em</strong>bered in fragments, stories<br />
are told in fragments and the characters live their lives in a fragmented way. (SLEPOY,<br />
http://www.usp.nus.edu.sg/post/ caribbean/phillips/ gms3.html)].<br />
Assim, como já referido anteriormente, ferramentas do pós-mo<strong>de</strong>rnismo<br />
também são usadas por Phillips para alcançar o t<strong>em</strong>a do pós-colonialismo:<br />
Primeiramente, ele incorpora el<strong>em</strong>entos meta-ficcionais <strong>em</strong> seu<br />
romance. Em segundo lugar, ele não confia <strong>em</strong> uma narrativa<br />
linear para contar a história. Terceiro, ele se recusa a dar ênfase<br />
a somente uma única voz central no romance. É um romance<br />
polifônico, e esta noção é central para as teorias do pósmo<strong>de</strong>rnismo.<br />
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