Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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primeiras quatro cartas <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1834, 22 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1835, 10 <strong>de</strong> março<br />
<strong>de</strong> 1839 e 2 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1840.<br />
Apresenta-se, então, uma nova narrativa heterodiegética, que conta a viag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> Edward à África à procura <strong>de</strong> Nash, sua chegada <strong>em</strong> Serra Leoa e, <strong>de</strong>pois, na Libéria.<br />
Tal narração é novamente interrompida pela última e quinta carta, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />
1842.<br />
Por fim, uma nova narrativa t<strong>em</strong> início tratando-se da estada <strong>de</strong> Edward na<br />
Libéria, sua busca por Nash e sua ida ao local on<strong>de</strong> ele vivia.<br />
Todas as cinco cartas são escritas pela personag<strong>em</strong> Nash, <strong>em</strong> primeira pessoa,<br />
en<strong>de</strong>reçadas a Edward. Já as narrativas são <strong>em</strong> terceira pessoa, com narrador onisciente,<br />
que <strong>de</strong>talha para o leitor as experiências <strong>de</strong> Edward e Nash Williams.<br />
3.2.2 Objetificação <strong>de</strong> Nash<br />
Apesar <strong>de</strong> o capítulo iniciar com a partida <strong>de</strong> Nash para a Libéria, há inúmeros<br />
trechos da obra que mostram a total objetificação sofrida por ele nos Estados Unidos<br />
antes <strong>de</strong>sta viag<strong>em</strong>. Sua vida pregressa havia sido <strong>em</strong> meio ao trabalho da plantação<br />
como escravo. Suas primeiras cartas a Edward revelam como ele vê os Estados Unidos<br />
e como respeita a cultura americana. Toda a educação que recebera culmina com seu<br />
envio para a ‘civilização’ da África e com sua crença <strong>de</strong> que era um privilégio ter sido<br />
escolhido para tal missão.<br />
Tal educação correspondia a valores <strong>de</strong> todas as or<strong>de</strong>ns que tinham sido<br />
impostos a ele como corretos e legítimos <strong>em</strong> contraposição com os pregados como<br />
incorretos e ilegítimos da África. Nash fora alfabetizado <strong>em</strong> língua inglesa e também<br />
evangelizado, ou seja, moldado para um <strong>de</strong>terminado fim, e tudo isto lhe parecia uma<br />
oportunida<strong>de</strong> única dada pelo, ao seu ver, generoso Edward. De fato, Edward também<br />
tinha sido cegado pela crença <strong>de</strong> que a cultura americana se sobrepunha às outras,<br />
sobretudo à africana. Para ele, o envio <strong>de</strong> Nash à África era uma ajuda para aquele<br />
continente, mas Edward o via como parte <strong>de</strong> um projeto e não como uma pessoa: “Todo<br />
nosso experimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>mente do seu sucesso” [Our whole experiment<br />
<strong>de</strong>pends greatly upon your success (PHILLIPS, 1993, p.11, grifo nosso)]. Esta era a<br />
mesma visão da própria socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> colonização americana, que, sob o invólucro da<br />
boa ação <strong>de</strong> levar a verda<strong>de</strong>ira cultura à África, também pensava <strong>em</strong> seu próprio<br />
benefício: “A América estaria r<strong>em</strong>ovendo uma causa <strong>de</strong> aumento da pressão social, e a<br />
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