Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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Unidos, não t<strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, não se conhece b<strong>em</strong>, tampouco suas origens (Em sua<br />
segunda carta a Edward, Nash lhe pe<strong>de</strong>: “Eu ficaria feliz <strong>em</strong> saber minha verda<strong>de</strong>ira<br />
ida<strong>de</strong>” [I would be glad to learn my true age (PHILLIPS, 1993, p. 28)]), mas permanece<br />
cego imitando o branco.<br />
Enquanto o po<strong>de</strong>r imperial sobre o sujeito po<strong>de</strong> não ser<br />
necessariamente tão direto e físico quanto o é numa instituição<br />
‘total’, o po<strong>de</strong>r sobre o sujeito po<strong>de</strong> ser exercido <strong>de</strong> formas<br />
incontáveis, reforçado pela ameaça <strong>de</strong> sutil reprovação cultural<br />
e moral e exclusão.<br />
[Whereas imperial power over the subject may not be<br />
necessarily as direct and physical as it is in a ‘total’ institution,<br />
power over the subject may be exerted in myriad ways,<br />
enforced by the threat of subtle things of cultural and moral<br />
disapproval and exclusion” (ASHCROFT, 2001, p. 142, grifos<br />
nossos)].<br />
Assim, Nash plagiava o mo<strong>de</strong>lo americano branco não só pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser<br />
aceito, mas também <strong>de</strong> ser adotado e absorvido numa relação filial com Edward. Em<br />
suas palavras, Nash reflete:<br />
Minha conclusão é que o espírito e a integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong><br />
é mais agradavelmente cuidado e nutrido entre os nativos<br />
pagãos do país, daí po<strong>de</strong>-se observar diariamente a evidência<br />
do trabalho Cristão que caracteriza a superiorida<strong>de</strong> da vida<br />
americana sobre a africana.<br />
[My conclusion is that a man’s spirit and wholesomeness is<br />
more pleasantly watered and nourished among the heathen<br />
natives of the country, for there one can daily observe the<br />
evi<strong>de</strong>nce of Christian work which marks out the superiority of<br />
the American life over the African (PHILLIPS, 1993, p. 27,<br />
grifos nossos)].<br />
Portanto, mesmo voltando à África, as suas origens, Nash continua preso aos<br />
valores que lhe foram inculcados. De fato, o trabalho <strong>de</strong> ‘lavag<strong>em</strong> cerebral’ dos<br />
colonizados sobre sua inferiorida<strong>de</strong> foi a ferramenta mais importante usada para ganhar<br />
simpatizantes à invasão e à suposta ‘civilização’. Vê-se, atualmente, que mesmo com<br />
todos os movimentos <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> (Revolução Francesa, Declaração dos Direitos do<br />
Hom<strong>em</strong> entre outros) ela ainda não se opera.<br />
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